Segundo o ex-ajudante de ordens, Bolsonaro queria esconder investigados na residência oficial da Presidência. Desistiu após ser convencido por Cid

NO PORÃO – Além do esconderijo no Alvorada, Mauro Cid detalhou funcionamento de “gabinete do ódio” de Bolsonaro em delação premiada

O tenente-coronel Mauro Cid declarou em depoimento de delação premiada que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) queria esconder no Palácio da Alvorada investigados pela Polícia Federal pelos ataques às sedes dos Três Poderes da República em 8 de janeiro, quando houve uma tentativa de golpe de Estado.

Um dos elementos citados pelo ex-ajudante de ordens foi o influenciador de extrema-direita Oswaldo Eustáquio. Ele participou de manifestações em Brasília (DF) em frente ao Quartel-General do Exército contra o resultado das eleições, que apontou a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva, frustrando a tentativa de reeleição do então presidente. Bolsonaro também discutiu abrigar o youtuber Bismark Fugazza na residência oficial da Presidência da República.

Os produtores de conteúdo tiveram o mandado de prisão expedido ainda em dezembro pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, alvo de ataques de Bolsonaro e dos influenciadores, que lançaram suspeitas de fraude nas eleições e de falhas da Justiça Eleitoral, presidida pelo próprio Moraes. Eustáquio e Fugazza fugiram para o Paraguai. O blogueiro entrou com pedido de refúgio no país vizinho e foi localizado pela Polícia Federal na Espanha. Já Fugazza foi preso pela polícia local.

O ex-ajudante disse ter convencido o chefe do Executivo a mudar de opinião, já que a medida poderia agravar seus problemas judiciais. O ex-presidente teria autorizado um carro oficial a transportar Eustáquio na tentativa de impedir que seu paradeiro fosse rastreado. 

Cid foi preso em 3 de maio por uma investigação que apura inserções de dados falsos em cartões de vacina e solto provisoriamente em 9 setembro, depois de homologado pelo STF o acordo de delação premiada fechado com a PF. Em outra delação, o tenente-coronel disse à PF que o ex-presidente fez uma reunião depois do segundo turno das eleições com militares de alta patente e ministros do governo para discutir sobre uma minuta que pedia novas eleições e incluía prisões de adversários. •

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