Carta ao leitor: Enquadrar o discurso de ódio
Nos dias de hoje, a comunicação tem sido a chamada “mãe das batalhas” no mundo. A proliferação das notícias falsas e narrativas descoladas da realidade criaram um exército de divulgadores do caos em várias partes do mundo.
A força cada vez mais cristalizada das big techs tornou essas empresas verdadeiros oligopólios de comunicação, cujo alcance suplanta todas teorias e perspectivas comunicacionais, desde a Escola de Frankfurt, de Teodor Adorno, Habermas, Horkheimer e Walter Benjamin.
Remonta ao conceito de sociedade líquida de Zygmunt Bauman: a vida líquida está relacionada a uma sociedade fundamentada no individualismo. Uma sociedade temporal que carece de solidez. São relações voláteis.
No campo progressista, criado nas perspectivas de reuniões, seminários, simpósios e assembleias presenciais, essa forma de se comunicar inicialmente assustou ativistas e, só aos poucos, vem sendo melhor compreendida.
Na disputa de narrativas, a extrema-direita saiu na frente. Não se responsabiliza pelo que fala, nem ao menos se preocupa com a compreensão do interlocutor. Daí que divulga teorias conspiratórias em um momento de fragilidade e desconfiança, como na tragédia da pandemia da Covid-19. Daí o ciclo de mentiras sobre a reação às vacinas, a subestimação ao vírus e ao uso de máscaras, agindo na contramão do que advertia a a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Como foi disseminado, o discurso de ódio abriu pela volúpia a caixa de pandora da xenofobia, do racismo e da demonização do diferente. Tudo isso faz lembrar as teorias de Goebbels na Alemanha nazista. Curiosamente, a mesma Alemanha hoje tem reprimido duramente o neonazismo, que ganha impulso por paradoxalmente nos territórios da antiga Alemanha Oriental.
Esse mesmo discurso de ódio alimenta os adeptos do ultraconservadorismo republicanos nos Estados Unidos e é o combustível que fomenta o fascismo de Le Pen, na França, e de Giorgia Meloni, na Itália, ou do partido Vox na Espanha.
Derrotar a narrativa ultrarreacionária não será uma tarefa fácil. Principalmente se estas contarem com a conivência dos CEOs das bigs techs. Mas, até os dias atuais, o que foi fácil para as forças progressistas? •