Apesar da má-vontade do Banco Central, que duvida da realidade, o governo Lula colhe boas notícias na economia, com projeções de crescimento superior a 3%, enquanto Haddad anuncia a emissão de títulos verdes e inflação cai

A percepção geral de que o Brasil está no rumo certo e que a economia está sendo bem conduzida pelo governo Lula é correta. O otimismo não é exagerado. A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, o mercado financeiro e o Ministério da Fazenda anunciaram na última semana uma revisão para cima das projeções de crescimento da economia para 2023. A expectativa é de que o Produto Interno Bruto (PIB) possa superar 3,2%. Isso acontece no momento em que o governo brasileiro anuncia a emissão de títulos verdes, com o objetivo de captar US$ 2 bilhões – cerca de R$ 10 bilhões, na cotação atual – na Bolsa de Nova York. 

Em seu périplo pelos Estados Unidos, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que houve uma “extraordinária receptividade” dos investidores estrangeiros aos títulos verdes brasileiros que serão lançados nas próximas semanas. Ele avalia que será possível “neoindustrializar” o país para produzir e exportar produtos com boas práticas ambientais. A ideia é a de usar esses recursos no financiamento de projetos ambientalmente sustentáveis.

Haddad desembarcou em Nova York junto com o presidente Lula e teve encontros com empresários e investidores para anunciar plano verde. É a primeira vez que o Brasil oferece internacionalmente esse tipo de investimento. A equipe econômica se reuniu com mais de 60 fundos de investimentos, em 36 eventos. “A receptividade foi a melhor possível, porque esse recurso fica carimbado para financiar projetos sustentáveis, com taxas de juros mais convidativas”, explicou o ministro.  Haddad defendeu a matriz energética brasileira permite não só a preservação ambiental, mas uma nova maneira de “pensar o crescimento econômico sustentável do ponto de vista social, ambiental e fiscal”.

Os sinais de que um novo tempo se abre para o Brasil são perceptíveis e confirmam a previsão de Lula. Em 3 de abril, durante reunião com sua equipe de ministros, o presidente disse: “Eu acho que a gente vai crescer mais do que os pessimistas estão prevendo. Vai acontecer mais coisas no Brasil do que as pessoas estão esperando”. Naquele momento, o boletim Focus, que traz semanalmente as projeções do mercado financeiro para a economia, acabara de anunciar a previsão de um crescimento de 0,9% do PIB em 2023. 

Cinco meses depois, o mercado dá razão a Lula. A última edição do boletim, divulgada na última segunda-feira, projeta um crescimento para a economia do país de 2,89%, 0,25 ponto percentual a mais que os 2,64% previstos na semana passada. Enquanto isso acontece, a projeção da inflação novamente caiu. Em janeiro, o boletim previa que o Índice de Preços Ao Consumidor – Amplo (IPCA) fecharia 2023 em 5,89%. Na semana passada, estava 4,93%, e, nesta semana, em 4,86%.

A expectativa de uma inflação menor e um crescimento maior do que os projetados no começo do ano não ocorre apenas no mercado. A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico também vem revisando suas projeções para o Brasil. 

Em março, a organização previa um crescimento de 1% para a economia brasileira este ano. Em junho, já apontava um PIB de 1,7%. Agora, em relatório também divulgado nessa segunda-feira, a OCDE apontou crescimento de 3,2% para o Brasil, quase o dobro do projetado três meses atrás. Já a projeção de inflação também foi reduzida pela OCDE. Em março, a organização previa um IPCA de 5,4%. No relatório de segunda-feira, esse índice foi reduzido para 4,9%.

As taxas previstas pela OCDE são praticamente as mesmas divulgadas pelo governo Lula. Na última semana, o Ministério da Fazenda também aumentou sua estimativa de PIB, elevando-a de 2,5% para 3,2%. Já a previsão de inflação foi mantida em 4,85%, como no boletim anterior, publicado em junho. Segundo a Secretaria de Políticas Econômicas (SPE) do ministério, o aumento da estimativa do PIB se deve aos bons resultados colhidos ao longo do ano. 

“Além da surpresa com o avanço do PIB no segundo trimestre, também contribuíram para elevar a estimativa de crescimento no ano o aumento na safra projetada para 2023, resultados positivos observados para alguns indicadores antecedentes no terceiro trimestre e expectativas de recuperação da economia chinesa no quarto trimestre de 2023”, informou a secretaria em nota. •

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