Sociólogo italiano, tido como um dos intelectuais mais influentes do século 20, era apaixonado pelo Brasil e esteve com o presidente Lula em junho

Um dos mais influentes pensadores do final do século 20, criador do conceito de “ócio criativo”, autor de mais de 20 livros, e francamente apaixonado pelo Brasil, o sociólogo italiano Domenico De Masi morreu aos 85 anos, em Roma, no sábado, 9. Ele descobriu que estava doente em 15 de agosto, durante suas férias em Ravello, na costa Amalfitana. A causa da morte ainda foi comunicada.

Professor emérito de sociologia do trabalho na Universidade Sapienza de Roma e reitor da Faculdade de Ciências da Comunicação dessa mesma instituição, De Masi é autor de “O Ócio Criativo”, de 1995, que defende a noção de que o tempo livre não é algo necessariamente negativo, porque pode estimular a criatividade pessoal. Ele também escreveu livros como “Desenvolvimento Sem Trabalho”, “A Emoção e a Regra” e “O Futuro do Trabalho”.

O sociólogo nasceu em Rotello, em 1938, e tinha o título de Cidadão Honorário do Município do Rio de Janeiro. Em junho, De Masi encontrou-se com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Roma. Os dois conversaram sobre a conjuntura política atual do Brasil e da Itália, e abordaram a necessidade de se estabelecer a paz tanto na Europa quanto no resto do mundo. Os dois já haviam se reunido em 2020.

Lula lamentou a morte. “Ele estava, como sempre, animado, com análises inteligentes e cheio de ideias e planos. Sempre foi um defensor das causas sociais, do avanço das conquistas humanas e de um mundo mais justo e solidário. Também foi muito atento e carinhoso com o Brasil, visitando o país sem nenhum medo de se posicionar, mesmo nos momentos mais difíceis”, disse. De Masi chegou a visitá-lo na cadeia, em Curitiba.

Na visão do professor, o avanço tecnológico é estratégico para um cenário em que cada vez mais pessoas poderão desempenhar funções de qualquer lugar, pelo chamado “smart working”. “A tecnologia é a melhor e maior aliada do ócio criativo”, disse. Ele avaliava que a possibilidade de trabalhar remotamente não deveria representar um tempo maior de dedicação às atividades profissionais.

Durante a carreira, De Masi passou por diversos centros de estudos na Itália, incluindo a Universidade Frederico II, em Napoli, e a Universidade La Sapienza, em Roma, onde lecionou durante a maior parte da vida. Em 1995, fundou a Sociedade Italiana de Teletrabalho (SIT), responsável por divulgar e regulamentar o trabalho não estruturado no país.

Além disso, De Masi foi considerado um dos intelectuais mais próximos do Movimento 5 Estrelas, partido da Itália, depois de uma vida acadêmica próxima à esquerda. Seu trabalho influenciou muitos integrantes do grupo, incluindo Giuseppe Conte, que foi primeiro-ministro italiano entre 2018 e 2021. •

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