Os negócios do ‘ZeroQuatro’: filho de Bolsonaro, Jair Renan é alvo de operação contra lavagem de dinheiro
Filho de Bolsonaro, Jair Renan é alvo de operação contra lavagem de dinheiro. Polícia Civil do Distrito Federal executou mandados de busca e apreensão em Brasília e Balneário Camboriú (SC), em endereços dele
A família Bolsonaro ganhou mais um alvo da polícia por suspeita de lavagem de dinheiro, estelionato e sonegação. Assim como os irmãos mais velhos — Flávio, Carlos e Eduardo —, todos suspeitos de crimes contra a administração pública (de apropriação indébita a esquemas de rachadinha, passando por lavagem), o irmão mais novo do clã, Jair Renan, chamado pelo ex-presidente de ZeroQuatro, é também investigado por estelionato, falsificação de documentos, sonegação e lavagem de dinheiro.
Jair Renan foi alvo na quinta-feira, 24, de mandados de busca e apresentação pela Polícia Civil do Distrito Federal. Denominada “Nexum”, a operação policial investiga um grupo suspeito de falsidade ideológica, associação criminosa, estelionato, crimes contra a ordem tributária, lavagem de dinheiro e outros delitos cometidos em prejuízo do erário público. Os policiais cumpriram dois mandados de busca e apreensão e cinco de prisão preventiva em Brasília e em Balneário Camboriú, em Santa Catarina, endereços ligados ao filho mais novo de Jair Bolsonaro.
ZeroQuatro doou uma empresa de eventos que faturava R$ 4 milhões por ano para um sócio. Para investigadores da polícia, o sócio pode ser um “laranja” e a transação é vista como suspeita de lavagem de dinheiro. A empresa é a RB Eventos e Mídia Ltda., que tinha capital social de apenas R$ 105 mil, mas faturamento que ultrapassava R$ 4 milhões. Em março de 2023, a empresa foi transferida para Marco Aurélio Rodrigues – sem nenhum desembolso envolvido.
A investigação que colocou Jair Renan na mira da política é conduzida pela Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Ordem Tributária. Policiais identificaram como mentor do esquema de estelionato Maciel Carvalho, ex-empresário de Jair Renan, que tem vários registros criminais por falsificação ideológica de documentos, corrupção ativa e disparo de arma de fogo. O segundo foco do mandado de prisão é Eduardo dos Santos, procurado pela polícia por homicídio.
Em nota, a Polícia Civil do DF informa que os mandados visam “reprimir a prática, em tese, de crimes contra a fé pública e associação criminosa, além de crimes cometidos em prejuízo do erário do Distrito Federal”. Segundo a polícia, investigadores apontam a existência de uma associação criminosa para obter indevida vantagem econômica pela inserção de um terceiro, ‘testa de ferro’ ou ‘laranja’, para ocultar o verdadeiro proprietário das empresas de fachada ou ‘fantasmas’ utilizadas pelo alvo principal e seus comparsas”.
Preso em janeiro deste ano, Maciel foi empresário e instrutor de tiros de Jair Renan. As investigações apontaram que o grupo criou uma falsa identidade em nome de Antônio Amâncio Alves Mandarrari com finalidade de abrir contas bancárias, empresas e forjar falsas declarações de faturamento, além de movimentações financeiras suspeitas entre os alvos, inclusive com remessas para o exterior.
Os mandados de busca e apreensão no Distrito Federal foram executados em Águas Claras e no Sudoeste em detrimento de Maciel Carvalho e dois comparsas, um dos quais figura como “testa de ferro” proprietário das empresas. A polícia cumpriu ainda mandados na Asa Sul no mesmo endereço em que está registrada empresa vinculada ao principal investigado na operação e outra ligada a um dos demais envolvidos, alvo de busca em sua residência em Balneário Camboriú (SC).
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro se manifestou nas redes sociais após a ação policial contra o caçula do marido. Ela usou seu perfil no Instagram para compartilhar uma mensagem de gratidão. “Senhor, obrigada por mais este dia. Que os teus olhos estejam sobre nós”, afirmou, em uma publicação no Instagram.
A relação entre ZeroQuadro e Michelle nunca foi boa e, no ano passado, ambos trocaram críticas nas redes sociais. A ex-primeira-dama chegou a criticar Cristina Valle, mãe de Jair Renan, por utilizar o sobrenome Bolsonaro durante as eleições para disputar uma vaga de deputada distrital na Câmara do DF. •