Dados revelam um aumento de 1.200% na participação de colecionadores de armas, caçadores e atiradores em crimes violentos contra a mulher

A presidenta nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), quer discutir com a bancada do partido no Congresso a elaboração de projeto de lei propondo nova regulamentação sobre os clubes de tiro e o acesso dos CACs (caçadores, atiradores e colecionadores) a armas de fogo.

Estimulados pela necropolítica de Jair Bolsonaro e do ex-ministro da Justiça Sergio Moro, o número de caçadores, atiradores e colecionadores de armas saltou de 117,5 mil, em 2019, para 783,4 mil, em dezembro de 2022. Nesse período, entre outros resultados, aumentou em 1.200% a participação de CACs em ocorrências trágicas da Lei Maria da Penha.

Os dados são do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que lançou o Anuário Brasileiro de Segurança Pública há duas semanas, detalhando os prejuízos causados à sociedade brasileira pelos mais de 30 atos normativos baixados pelo governo anterior para armar a população. O número atual de CACs no país, hoje, é maior do que os efetivos nacionais das polícias militares e das Forças Armadas. Os clubes de tiro viraram comitês do bolsonarismo e da violência, sobretudo a política — na avaliação de Gleisi.

O PT quer encaminhar o projeto de lei ao ministro da Justiça, Flávio Dino, e apoia o Programa de Ação na Segurança (PAS), lançado por Lula, que prevê ações para combater a violência contra mulheres, prevenir ataques a escolas, o tráfico de drogas e os crimes ambientais.

“É estarrecedor o levantamento do Anuário de Segurança. O Brasil alcançou o maior número de estupros da história em 2022. Foram 74.930 casos, sendo que 6 em cada 10 vítimas têm até 13 anos”, criticou Gleisi Hoffmann. “Também tivemos alta de mais de 50% nos casos de racismo e homofobia. Esse cenário horroroso mostra que temos muito ainda pela frente na luta contra a misoginia, discriminação e o discurso de ódio”. •

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