Efeito Lula: agência de risco S&P avalia país positivamente pela primeira vez em quatro anos. Ambiente já é de “credibilidade, estabilidade e previsibilidade”. “É muito significativo”, celebrou o ministro Fernando Haddad. “O Brasil precisa voltar a crescer, não há outra alternativa”

Em menos de seis meses de administração, o governo Lula emplacou um conjunto poderoso de ações e políticas públicas que rapidamente alteraram o quadro econômico e social do país. O resultados têm aparecido ao longo das última semanas: revisão para cima das projeções de crescimento do PIB em 2023, agora em mais de 2%, bem como de queda da inflação, de 5,69% para 5,42%.

Como prometido por Lula na campanha, o Brasil já vive um ambiente de “credibilidade, estabilidade, e previsibilidade”. Na quarta-feira, 14, a agência de classificação de risco S&P Global Ratings alterou a perspectiva de rating (nota de crédito) do Brasil de estável para positiva pela primeira vez em quatro anos.

A classificação indica a situação de “risco” de um país, ou seja, qual é a capacidade que a nação tem de honrar de seus compromissos e dívidas. A mudança de percepção da agência reflete o trabalho da equipe econômica do Ministério da Fazenda, sob a coordenação de Fernando Haddad.

Com a arrumação do caos orçamentário deixado pelo governo Bolsonaro e a celeridade com que a atual gestão apresentou o novo regime fiscal ao Congresso, além das medidas econômicas que reduziram a inflação e aumentaram o poder de renda dos trabalhadores, o Brasil voltou a ser um país seguro para investidores.

“O crescimento contínuo do PIB, somado ao quadro emergente para a política fiscal, pode resultar em uma carga de dívida pública menor do que o esperado, o que pode apoiar a flexibilidade monetária e sustentar a posição externa líquida do país”, apontou a agência em comunicado distribuído à imprensa global.

Com efeito, logo após o anúncio da agência, o dólar despencou, chegando ao valor de R$ 4,80, o menor em mais de um ano. Já o índice Ibovespa subiu 2%, o maior nível desde outubro. As boas novas foram comemoradas pelo ministro da Fazenda, que classificou a mudança como “um passo importante”. Ele também agradeceu ao Congresso e ao Judiciário pelas contribuições e suporte ao trabalho da Fazenda no reequilíbrio das contas públicas, mas disse que a nova classificação é apenas o começo, pois há muito trabalho pela frente.

“O Brasil precisa voltar a crescer”, disse Haddad. “Não há outra alternativa para um país do tamanho do nosso e com nossa gente. Crescer com emprego, dignidade, renda e responsabilidade”. Ele apontou o reconhecimento ao trabalho série da equipe econômica.

“Você vê que a menção à nova regra fiscal foi feita, a menção às perspectivas de aprovação da reforma tributária, às medidas de reoneração, de corte, de gasto tributário… Tudo isso foi mencionado na nota [da agência]”, destacou. “E é importante que uma agência externa consiga observar esses avanços do Brasil. Tem muito trabalho pela frente, é só um começo. Se mantivermos o ritmo de trabalho das duas casas e do Judiciário, eu quero crer que nós vamos conseguir atingir os objetivos”.

Ao noticiar a mudança de classificação, na mesma noite, o Jornal Nacional, da Rede Globo, lembrou que o Brasil ocupa hoje um grau intermediário na classificação de risco da S&P, mas que, “em um passado não tão distante”, no governo Lula, em 2008, o país ocupou o primeiro grupo.

“O Brasil obteve o chamado grau de investimento e passou a ser considerado um destino seguro para os investidores”, apontou a reportagem. Detalhe: o feito de Lula ocorreu justamente no momento em que o mundo mergulhava em uma crise mundial, causada pelo estouro da bolha imobiliária nos Estados Unidos e a consequente quebra do banco Lehman Brothers.

Apesar do clima de comemoração, Haddad voltou a cobrar do Banco Central uma redução dos juros, cujo patamar, de 13,75%, tem sido o grande entrave ao crescimento brasileiro. De acordo com o ministro, “está faltando o Banco Central se somar a esse esforço”.

“Quero crer que nós estamos prestes a ver isso acontecer, na hora em que estivermos todos alinhados, a coisa vai começar a prosperar”, disse, em referência às políticas fiscal e monetária, hoje em desarmonia por causa da teimosia do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em segurar a Selic próxima da estratosfera. •

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