Joias, esculturas de diamantes e ouro. Os mimos da ditadura saudita não são caso único. O “acervo” de Bolsonaro inclui oito “presentes” sob investigação da PF

Definitivamente, o ex-presidente Jair Bolsonaro confunde o público com o privado. Acha que podia tudo e bastava querer que conseguiria as coisas. Na última semana, a Polícia Federal revelou que cinco presentes dos Emirados Árabes Unidos e três kits de joias dadas por autoridades da Arábia Saudita foram “incorporadas no acervo pessoal” do ex-capitão do Exército. Os presentes estão sob investigação.

As peças foram incorporadas ao acervo privado do antigo titular do Palácio do Planalto e chamaram a atenção dos investigadores, que solicitaram mais informações sobre os itens. Em março, por ordem do Tribunal de Contas da União, Bolsonaro devolveu dois kits de joias da Arábia Saudita, além de armas recebidas dos Emirados Árabes.

O presidente do TCU, ministro Bruno Dantas, afirmou que, “para que um presente possa ser incorporado ao patrimônio pessoal da autoridade, é necessário atender a um binômio: uso personalíssimo, como uma camisa de futebol, e baixo valor monetário”. Nenhum desses casos se encaixa.

A PF analisa cinco peças do acervo de Bolsonaro: um relógio de mesa cravejado de diamantes, esmeraldas e rubis; três esculturas, uma de ouro, prata e diamantes e um incensário de madeira. Os conjuntos foram oferecidos a Bolsonaro em duas viagens que ele fez aos Emirados Árabes, em outubro de 2019 e em novembro de 2021. Os valores dos presentes não foram registrados pela Presidência da República.

O relógio de mesa foi dado pelo príncipe dos Emirados Árabes Unidos, Mohamed Bin Zayed Al Nahyan. Segundo a descrição feita pelo Gabinete de Documentação Histórica da Presidência, o objeto de 61 centímetros de altura foi feito “em prata de lei com banho de ouro, cravejado com diamantes, esmeraldas e rubis”. Bolsonaro também ganhou uma escultura de 25 centímetros, talhada em aço, prata, ouro e diamantes, com figuras de animais.

A viagem oficial na qual Bolsonaro recebeu esses dois itens foi feita de 12 a 18 de novembro de 2021. Naquela ocasião, o então presidente visitou Dubai e Abu Dhabi; Manama, no Bahrein; e Doha, no Catar. Essa viagem ao Oriente Médio tinha como objetivo estreitar laços comerciais e captar investimentos para o Brasil. •

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