De junho de 2013 a novembro de 2014
1 – No dia 13 de junho de 2013, a Polícia Militar de São Paulo — lembram de como agiram no Massacre do Carandiru? —, reprime de forma brutal a manifestação pacífica de estudantes, jovens e povo em geral por redução de tarifas, como já havia ocorrido em Porto Alegre, de forma até certo ponto pacífica, em ação desmedida, com evidente espírito provocador.
2 – Na quinta-feira, dia 14, quando ocorreria nova manifestação, logo após a brutal repressão da Polícia Militar de São Paulo, imediatamente é postado no Youtube vídeo de Thismr Maia, pseudônimo de Silvio Roberto Maia Junior, porta-voz do movimento Change Brazil, com o objetivo, segundo ele, de “sujar o governo brasileiro no mundo”.
3 – “Por coincidência”, no mesmo dia 14, os Estados Unidos anunciam a nova embaixadora no país, senhora Liliana Ayalde, vinda do Paraguai, onde recentemente havia sido dado um golpe que derrubou Fernando Lugo, com características parecidas ao que acontece aqui, e que aliás tem o mesmo perfil em todos os países latinos, maiores ou menores.
4 – Nesse meio tempo, depois de igualar o movimento organizado pelo Movimento do Passe Livre ao “PCC”, a Rede Globo, por meio de seu porta-voz, Arnaldo Jabor, “pede desculpas” aos manifestantes, demarcando o início da estratégia golpista da mídia, sob o comando da Família Marinho, alinhando a partir dali as demais redes de comunicação que passaram a reproduzir a linha central do golpismo.
5 – Na mesma direção, entra em campo o fake Anonymus, em versão tucano-golpista, ao mesmo tempo em que, de forma visivelmente orquestrada, espalham-se pela rede informações, incluindo declarações de imposto de renda, ditas hackeadas, de políticos brasileiros, com ênfase no filho de Lula e outros petistas, tentando criar um clima de “Queda da Bastilha”.
6 – No campo da manipulação da informação na internet, os golpistas 2.0 promovem o hackeamento do MPL, já no início das manifestações, para convocar, em nome dele, manifestações diferentes das originais em São Paulo, e postando bandeiras distintas daquelas do movimento (como a MP dos procuradores).
7- A partir de então, de forma totalmente inédita na história política do país, manifestações são marcadas para ocorrerem durante a noite. Estendiam-se em sua maioria até por volta de meia-noite ou mais, quando, já esvaziadas, passam a ser tomadas por bandidos de toda ordem que depredam e criam um clima de terror.
8 – Em acordo, ou não, com a mídia golpista, e com os bandidos, os organizadores das manifestações abandonam a ideia de angariar adeptos às suas ideias à luz do dia. E refugiam-se na noite com o evidente e único objetivo de gerar imagens de caos para as televisões e jornais golpistas.
9 – Também contrariando a tradição da história de manifestações populares no Brasil, “alvos” são criteriosamente selecionados, como o Itamaraty, o aeroporto de Cumbica, grandes rodovias, estádios de futebol, pequenos estabelecimentos comerciais, prédios públicos, bancos públicos, pontes como a Rio-Niterói e a de Uruguaiana (na fronteira brasileira do Rio Grande do Sul com a Argentina).
10 – Também de forma inédita em manifestações políticas no Brasil, manifestantes, muitos aliás, mascarados, “vestidos para a guerra”, como nos clássicos filmes de seriados, tomam de assalto as marchas, de forma planejada e organizada, com a clara intenção de criar clima de desordem e destruição por onde passavam.
11 – Durante os primeiros dias das manifestações, agindo de forma articulada, a mídia golpista distribui nacionalmente, por meio de suas agências, matérias, opiniões de articulistas, coberturas de televisão — tudo em perfeito alinhamento editorial —, estimulando a manifestação, e fortalecendo a PAUTA DO GOLPE, especialmente voltadas para o “combate à corrupção”.
12 – Ainda a mídia golpista aposta claramente na “mobilização”, tratando os arruaceiros, em cada vez maior número, de “minorias”, contrariando sua prática histórica de acusar os movimentos sociais e sindicais organizados de “baderneiros” quando eles vão às ruas das grandes cidades lutar por melhores salários e condições de vida.
13 – Amparados na experiência, e provavelmente no mesmo aparato utilizado na campanha eleitoral de 2010, explode na internet uma articulação em rede. Tem a presença de “centros emanadores” de informações. E personagens amplificados, como o policial que convoca uma Greve Geral, ou alguém que diz que “Dilma vai fechar a Internet”, entre outras atividades que se multiplicam sem qualquer questionamento.
14 – Na sexta-feira, 17 de junho, a Rede Globo de Televisão insere na novela das oito, cena em que o personagem praticamente cita o ex-ministro José Dirceu, vinculando-o ao tema da corrupção, para preparar o terreno da mudança da pauta das manifestações do final de semana, especialmente no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte, que passariam a ser “dar um basta na corrupção”.
15 – Absolutamente contrária à prática política brasileira, é inserida no coração do movimento a tese da exclusão das forças políticas organizadas. Ou seja, nada de partidos, centrais sindicais, sindicatos, entidades de classe, inclusive as estudantis, das manifestações. O argumento é de que o “povo não quer bandeiras”. O objetivo era fortalecer a ideia de “rede”.
16 – Em uma manifestação em Brasília, é preso um dos responsáveis pelo ataque ao Itamaraty, que se encontrava em situação de PRISÃO DOMICILIAR, mas estava no local, “vestido para o crime”, munido de COQUETÉIS MOLOTOV. Ou seja, era alguém claramente organizado, municiado e orientado para dizer que agiu por conta própria, como de fato fez quando foi preso.
17 – Uso de inocentes úteis, adeptos da “revolução 2.0”, que por esquerdismo, ilusão de classe ou influenciados por parcerias externas — muitas delas atuam no Brasil, especialmente entre a juventude —, acabam dando cobertura — inclusive e, por vezes, principalmente — à baderna nos finais de noite. Assim, amplificam o clima de “desordem revolucionária”.
18 – Furada a greve geral marcada pelo Facebook, e vitoriosa a GREVE GERAL verdadeira, dos TRABALHADORES, a mídia golpista passa a investir contra a legitimidade do movimento sindical. Passa a questionar rancorosamente, com apoio de setores esquerdistas, a representatividade dos dirigentes e entidades mais combativas. E, ao mesmo tempo, atuam para cooptar outros segmentos mais tradicionais e/ou oportunistas.
19 – Em regiões, não por acaso referências políticas para o país, como Porto Alegre e Rio de Janeiro, na seqüência das manifestações, movimentos de natureza esquerdista-anarquista passam a agir de forma agressiva, invadindo instituições democráticas, como nas câmaras de vereadores de Porto Alegre, Natal e Salvador, buscando criar “jurisprudência” para a inexistência do Estado de Direito.
20 – No pós-manifestações, a mídia golpista insiste em atacar 1) as instituições democráticas, os partidos, a política; 2) o movimento social, o movimento sindical, os sindicatos, as centrais sindicais, com o objetivo de fortalecer a aliança Mídia + Justiça como “alternativa” de poder para o futuro, que se traduziria na candidatura de Joaquim Barbosa, que não vingou.
21 – Superada essa primeira onda, a operação do “golpe 2.0” prossegue com uma brutal campanha contra a realização da Copa do Mundo e/ou qualquer possibilidade de sucesso, alinhando-se praticamente à totalidade da grande mídia e os setores políticos organizados da oposição, incluindo segmentos da sociedade civil.
22 – A campanha vai até a realização da Copa do Mundo de 2014, incluindo a “vaia histórica” — acompanhada de gritos e ofensas pesadas dirigidas à presidenta do Brasil na abertura do evento. Tais “manifestações”, vendidas pela mídia como “espontâneas”, foram antecedidas de toda sorte de matérias questionando prazos de obras, qualidade dos equipamentos, eficiência dos serviços como aeroportos, hotéis etc. A revista Veja chegou a dizer que no ritmo que seguiam, as obras só seriam concluídas em dez anos.
23 – Sob a hashtag “#nãovaitercopa”, a mobilização da mídia e da oposição golpista explora informações “terroristas” como “alerta” aos turistas sobre riscos de “epidemia de dengue” no período da Copa, risco de assaltos, estupros e outras violências nas ruas.
24 – Em meio ao insucesso das suas ações, e diante de uma Copa do Mundo vitoriosa, em Belo Horizonte, Minas Gerais, sob governos do PSB e do PSDB, em plena Copa, cai um viaduto, matando pessoas, por sorte não resultando em uma tragédia ainda maior, com repercussão negativa.
25 – Frustrado o registro do “partido” da Rede, a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva assume o papel de vice na chapa de Eduardo Campos, do PSB, com a expectativa de alavancar a candidatura do ex-governador, o que não acontece.
26 – No auge da primeira fase da campanha, travados nas pesquisas, sem qualquer evidência de um possível crescimento, o avião de Eduardo Campos cai em acidente, sem qualquer apuração das causas até o final de 2014.
27 – A mídia transforma a morte do ex-candidato do PSB em um ritual quase religioso, e elege Marina Silva sucessora, realizando e divulgando pesquisa eleitoral antes mesmo de enterro, com números superfaturados ao sabor do momento emocional.
28 – Diante da fragilidade e da decadência da campanha de Marina Silva, que apresenta um programa explicitamente neoliberal, a mídia golpista e seus mandantes externos voltam a apostar em Aécio Neves como alternativa para implementação de seus planos.
29 – No período eleitoral, ficam evidentes a manipulação das pesquisas eleitorais e o uso dos resultados como instrumento de indução dos eleitores, especialmente em São Paulo, de uma maneira ainda mais radical do que tradicionalmente ocorrera na história política do país.
30 – Os golpistas, aliados com setores da Polícia Federal e da “Justiça” brasileira, e a mídia, vazam trechos editados de depoimentos da Operação Lava Jato, para incriminar o PT e atingir sua candidatura, mas têm uma forte reação da candidata Dilma Rousseff, que termina derrotando Aécio Neves. •