Editorial – Os rolos do ex-capitão
A nefasta passagem de Jair Bolsonaro pela Presidência da República ficará marcada pelos excessos criminosos. Rei do “baixo clero” nos 28 anos de mandatos sucessivos no Legislativo, estendeu sua conduta criminosa conhecida como “rachadinha” que nada mais é do que apropriação de parte dos salários de assessores para fazer caixa pessoal. Tal prática é conhecida nos meios jurídicos brasileiros como peculato.
Ao subir de patamar na carreira política, o ex-capitão deu vazão as suas megalomanias criminosas. O recente escândalo das joias de R$ 16,5 milhões dadas como “presente” pela ditadura saudita à ex-primeira-dama Michele Bolsonaro é a coroação e a prova da escalada dos bolsonaros no panteão dos grandes crimes.
Não fosse a conduta correta e republicana de um auditor da Receita, o crime teria sido consumado e a sociedade brasileira jamais tomaria conhecimento.
A participação indevida de militares, inclusive de alta patente como o Almirante Bento Albuquerque, para tentar liberar indevidamente o “presente”, demonstra a que grau de promiscuidade chegou o uso das instituições pelo descalabro bolsonarista.
Pode-se inclusive especular que a tamanha tristeza do Jair com a derrota eleitoral tenha como motivador a não apropriação indébita do mimo milionário.
Bolsonaro caminha célere para o lixo da história. Sua contribuição decisiva para o desmonte do Estado, sua interferência indevida nas instituições e o uso desbragado da máquina pública para captura de sufrágio não podem ficar impunes.
Seria um tapa na cara da sociedade. Essa página triste e vergonhosa da história brasileira ficará marcada pelo espetáculo dantesco protagonizado por Bolsonaro e sua turma. Esperamos que, respeitando o devido processo legal, o direito ao contraditório e o direito de defesa, ele responda na Justiça por seus crimes.