Lula promove guinada nas políticas ambiental e indígena e mostra ao planeta que o passado de destruição na Amazônia é página virada. Alemanha anuncia doação de R$ 1 bilhão para ações na região, enquanto o governo estrangula o garimpo ilegal na área ianomâmi. STF investiga Bolsonaro por genocídio

Nova agenda
COOPERAÇÃO Lula recebeu o primeiro-ministro da Alemanha, Olaf Shcolz, que o saudou pelo novo momento vivido pelo Brasil: “Vocês fizeram falta”

Na última segunda-feira, 30, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu a visita do chanceler alemão, Olaf Scholz, na primeira visita de um chefe de governo estrangeiro ao Brasil da Esperança, que ressurgiu depois da derrota de Jair Bolsonaro nas urnas, em outubro de 2022. A Alemanha anunciou a doação de mais de R$ 1 bilhão para projetos ambientais no Brasil e parte dos recursos será destinada pelo Palácio do Planalto para a crise humanitária na Terra Indígena Ianomâmi.

O Brasil vive ainda os efeitos da gestão Bolsonaro nas políticas ambiental e indígena, que Lula está empenhado em mudar radicalmente. Enquanto o país recebe investimentos para o Fundo da Amazônia, o governo anunciou novas ações emergenciais para reverter o quadro dramático do povo ianomâmi, que vive em área que engloba parte de Roraima e também terras na Venezuela. E Lula anunciou ainda medidas para estrangular as atividades econômicas ilegais, como o garimpo, nas terras indígenas. A Aeronáutica foi autorizada a abater aviões do garimpo.

Os fatos ocorreram na mesma semana em que o Supremo Tribunal Federal incluiu o ex-presidente Jair Bolsonaro e outras autoridades em uma investigação que apura crimes de genocídio contra a comunidade ianomâmi. A decisão foi tomada pelo ministro Luís Roberto Barroso, relator dos casos relacionados aos povos indígenas no STF. Ele ainda ordenou a expulsão definitiva de todos os garimpos ilegais das terras ianomâmi. Entre os investigados estão a senadora Damares Alves, ex-ministra dos Direitos Humanos, e Franklimberg Ribeiro de Freitas e Marcelo Augusto Xavier da Silva, ex-presidentes da Funai.

No encontro no Planalto, Scholz encheu a bola do presidente Lula. “Estamos muito felizes pelo Brasil estar de volta à cena mundial”, comentou. “Vocês fizeram falta”. Brasil e Alemanha anunciaram um trabalho de cooperação mútua na proteção ambiental, na construção de um modelo econômico que promova a justiça social e a retomada das negociações em torno do acordo comercial entre União Europeia e Mercosul.

“É uma notícia muito boa para o nosso planeta a de que o presidente Lula está empenhado em combater as mudanças climáticas, proteger a Amazônia e acabar com o desmatamento”, disse o primeiro-ministro da Alemanha. No mesmo dia da reunião com Scholz, Lula assinou decreto dando poderes aos ministérios da Defesa e da Saúde para socorrer os indígenas e acabar com o garimpo ilegal em suas terras.

Os 200 milhões de euros doados pela Alemanha representam um voto de confiança da Europa no novo Brasil que ressurge com Lula no cenário internacional. O dinheiro será dividido entre diferentes iniciativas, como a proteção da Amazônia, o desenvolvimento dos estados que abrigam a floresta e projetos de uso de energias renováveis na indústria e no setor de transportes.

Lula lembrou que a responsabilidade de Bolsonaro pelo grave quadro de desnutrição entre os povos indígenas, vítimas do garimpo ilegal e de outras atividades predatórias em suas terras na Amazônia. “A verdade é que tivemos um governo que poderia ser tratado como genocida”, denunciou. “Ele fazia propaganda para as pessoas invadirem [as terras indígenas] com garimpo”.

“O governo brasileiro vai acabar com garimpo em qualquer terra indígena a partir de agora”, anunciou Lula. “O Brasil vai voltar a ser um país sério, respeitado e que respeita a Constituição, as leis e, sobretudo, os seres humanos”. •