Um ministério de verdade
Lula anuncia Fernando Haddad na Fazenda e outros quatro nomes para compor o seu ministério: Flávio Dino (Justiça), José Múcio (Defesa), Mauro Vieira (Relações Exteriores) e Rui Costa (Casa Civil)
O presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, anunciou na sexta-feira, 9, o nome de cinco ministros do novo governo. O advogado e economista Fernando Haddad será o ministro da Fazenda. A indicação do ex-prefeito reforça a preocupação do novo presidente, que defendeu ainda na campanha um político para o posto que tenha sensibilidade com a questão social.
“Espero que Haddad fale sobre mercado, mas também fale das necessidades do povo”, disse Lula ao anunciar o nome do petista para comandar a equipe econômica. Ex-ministro da Educação disse que sua nova equipe trabalhará em estreita colaboração com o novo ministro do Planejamento. “Precisamos ter uma equipe plural e coesa e isso precisa ser combinado”, lembrou.
A troca de Fernando Haddad por Paulo Guedes, um economista ultraliberal que ficou rico atuando no mercado financeiro e nunca comandou um cargo no Executivo, foi saudado por comentaristas, por conta da capacidade de diálogo e negociação do político. Entra um economista de olhar social e sai um falastrão que levou o país à ruína e deixou como legado 15 milhões de desempregados e 33 milhões de brasileiros passando fome.
O presidente também escolheu outros quatro nomes para compor o governo a partir de 1º de janeiro de 2023. O governador da Bahia, Rui Costa, vai assumir a Casa Civil. O ex-presidente do Tribunal de Contas da União (TCU) José Múcio Monteiro ficará à frente do Ministério Defesa. O senador eleito Flávio Dino (PSB-MA) vai liderar Ministério da Justiça e o embaixador Mauro Vieira estará à frente do Itamaraty. Os cinco são reconhecidos por suas habilidades políticas como negociadores, uma característica que o próprio Lula pratica e aprecia. Dino anunciou ainda a escolha do delegado Andrei Rodrigues para a Diretoria-Geral da Polícia Federal.
Haddad ingressou no governo Lula ainda em 2003, chegando a ficar na Secretaria Executiva do Ministério da Educação. Mais tarde, tornou-se ministro da Educação, cargo que manteve por seis anos. Ele deixou o segundo governo de Lula para assumir a Prefeitura de São Paulo. Em 2018, concorreu à presidência depois que Lula foi condenado por corrupção e lavagem de dinheiro e perdeu para Bolsonaro.
A outra indicação considerada importante é a de José Múcio para o Ministério da Defesa. Ex-ministro da articulação política no governo Lula em 2003, Múcio foi deputado federal e é um político reconhecido pelo amplo trânsito no meio político. Múcio lembrou que ele foi colega de Jair Bolsonaro por quase duas décadas, com quem conviveu, apesar das diferenças. “Vivemos em uma democracia”, lembrou.
O novo ministro da Defesa destacou ainda que seguirá o sistema hierárquico existente para os indicados das Forças Armadas. “Vou propor ao presidente que sigamos o sistema tradicional, será indicado o mais velho de cada força”, disse Múcio. Ele também declarou que é preciso “despolitizar” as Forças Armadas. A missão dele é ‘pacificar’ a caserna, eriçada desde que Bolsonaro chegou ao poder em 2019. •