Em entrevista a William Bonner e Renata Vasconcelos, Lula aborda questões polêmicas, como corrupção, rebate críticas a Dilma, defende aliança com Alckmin e promete colocar o povo no centro da economia e do desenvolvimento. “Este país vai voltar a andar”

 

Sabe por que eu estou querendo voltar? Porque eu quero ser melhor do que eu fui. Eu quero ser melhor. Eu quero voltar porque eu quero fazer coisas que eu deveria ter feito, mas não sabia que era possível fazer. É por isso que eu fui escolher o Alckmin de vice, para juntar duas grandes experiências na minha vida: um cara que foi governador de São Paulo 16 anos, e vice seis anos, e o cara que foi considerado o melhor presidente da história do Brasil. Esses dois que vão governar este país”.

A declaração foi um dos pontos altos da entrevista concedida pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Jornal Nacional, na quinta-feira, 25. Ao longo da conversa de 40 minutos, Lula assumiu o compromisso de “cuidar do povo brasileiro”, combatendo a fome e a inflação. Também assumiu que vai socorrer as famílias endividadas, especialmente as mulheres e assegurou que vai trabalhar para dar oportunidade de emprego e estudo à juventude. O presidente não fugiu de nenhum tema, nem mesmo das acusações de corrupção, mas o próprio apresentador William Bonner lembrou que o Supremo Tribunal Federal deu razão ao ex-presidente, ao considerar que o então juiz Sérgio Moro foi parcial e anulou a condenação do caso do triplex e outras ações por ter considerado a Vara de Curitiba incompetente. “O senhor não deve nada à Justiça”, disse Bonner. Lula agradeceu a menção, mas lembrou que, durante cinco anos, foi massacrado. ”Estou tendo hoje a primeira oportunidade de poder falar disso abertamente, ao vivo, com o povo brasileiro. A corrupção, ela só aparece quando você permite que ela seja investigada”. Lula disse que não há hipótese, de crimes permanecerem impunes. ”Se alguém cometer qualquer crime, por menor ou por maior que seja, essa pessoa será investigada, julgada, e punida ou absolvida”.

O ex-presidente afirmou que, em um novo governo do PT, os investimentos vão voltar. “Eu digo sempre que tem três palavras mágicas para governar o país: credibilidade, previsibilidade e estabilidade”, disse. “Nunca antes na história do Brasil o governo teve uma chapa como Lula e Alckmin para poder ganhar credibilidade interna e externa para fazer acontecer as coisas no Brasil”. Ele defendeu o governo Dilma Rousseff, lembrando que a ex-presidenta enfrentou as pautas-bombas impostas pelo então presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (MDB-RJ).

Lula fez ainda duras críticas a Jair Bolsonaro, pela condução desastrosa da economia, que levou milhões à miséria, à volta da fome e a uma das mais graves crises sociais da história. “O Bolsonaro parece o bobo da corte. Ele não coordena orçamento. Veja que engraçado, ele agora acabou de aumentar o auxílio emergencial para R$ 600, correto? Ele queria 200, a gente queria 600, ele mandou 500, agora mandou 600. Até quando? Até dia 31 de dezembro. Porque na LDO que ele mandou para o Congresso Nacional agora, não tem a continuidade. E ele então acaba de mandar a LDO, e vem aqui mentir e dizer: ‘Não, eu vou continuar, eu vou continuar’. Se ele vai continuar, por que ele não colocou, ali, diretriz orçamentária?”, denunciou.

Na entrevista ao JN, Lula anunciou que pretende resolver um problema que aflige a maioria dos brasileiros: o endividamento das famílias. “Temos quase que 70% das famílias brasileiras endividadas, e a grande maioria delas é mulher: 22% endividadas porque não podem pagar a conta d’água, a conta de luz, a conta do gás. Nós vamos negociar essa dívida. Pode ficar certo que nós vamos negociar, sabe? Com o setor privado e com o sistema financeiro, por que nós precisamos”, prometeu. •

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