De passagem por Brasília, o ex-presidente lamenta a morte de Marcelo Arruda e pede que ninguém caia na armadilha bolsonarista: “Nossa arma é a sede de melhorar a vida do povo”

 

No primeiro ato público do qual participou após o assassinato do líder petista Marcelo Arruda, vítima de intolerância política praticada por um bolsonarista, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um apelo para que a sociedade brasileira diga não às armas e à violência e se empenhe na reconstrução do país. Ele pregou a tolerância, pediu paz e destacou que ninguém pode se deixar levar pela armadilha bolsonarista.

Discursando para uma multidão no Centro de Convenções Ullysses Guimarães, em Brasília, na terça-feira, ele lembrou que participa de campanhas eleitorais desde 1982, sem nunca ter estimulado atos de violência, mesmo quando foi derrotado.

“Eu voltava para casa cada vez que era derrotado, lamentava ter perdido e me preparava para outras. Nunca, em nenhum momento, falei de violência”, disse. Ele rechaçou as comparações entre apoiadores do movimento Vamos Juntos pelo Brasil e o “fanatismo” de bolsonaristas.

“Se o Bolsonaro quiser visitar as pessoas pelas quais ele é responsável pela morte, ele vai ter que ter muita viagem, porque ele não chorou uma lágrima por 700 mil vítimas da Covid”, criticou. “Ele nunca se preocupou em visitar uma criança órfã, e são muitas, em visitar uma viúva, em visitar um marido que perdeu a mulher”.

O ex-presidente alertou que a militância petista não pode se deixar levar pelas provocações de adversários. “É isso que nós temos que fazer nestes próximos três meses. Nós vamos nos multiplicar na rua, vamos continuar fazendo nossas passeatas, nossos atos públicos, mas nós vamos ter de dar uma lição de moral, que nem o Gandhi deu quando saiu em caminhada para libertar a Índia da Inglaterra”, lembrou. “Nós não precisamos brigar”.

O ato em Brasília foi aberto pela presidenta nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), que pediu aos presentes para fazer um minuto de silêncio em homenagem a Marcelo Arruda e outras vítimas da violência política, como Marielle Franco, Anderson Gomes, Moa do Katendê, Bruno Pereira e Dom Phillips.

“Eles lutavam pelo amor ao Brasil, pela esperança do povo brasileiro, e é por isso que estamos aqui, com coragem para seguir em frente, porque ninguém vai colocar medo em nós. Nós não vamos baixar a cabeça e não vamos nos dobrar ao ódio porque o que tem aqui é amor, é esperança, é solidariedade, e é isso que nós queremos para o Brasil”, afirmou Gleisi.

Líder do movimento Vamos Juntos pelo Brasil, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), disse que o país precisa virar a página. “Quando uma pessoa invade uma festa de aniversário e mata outro por intolerância política; quando com drone jogam veneno sobre o povo; quando atiram bomba na multidão, como foi no Rio de Janeiro, o Brasil precisa mudar. Não é possível continuar este estado de coisas. Não à ditadura, não ao ódio, sim à paz, sim ao amor”, defendeu.

Representando a Rede, um dos partidos que compõem o Movimento Vamos Juntos Pelo Brasil, juntamente com PT, PCdoB, PV, PSB, Psol e Solidariedade, o senador Randolfe Rodrigues (AP) lembrou que a polarização em outros processos eleitorais ocorria em ambientes com mais civilidade.

“Vamos deixar claro o que era polarização. Ocorreu após a Constituição de 1988 quando as disputas políticas tinham dois lados que respeitavam a democracia. Ocorreu em 2006, quando Alckmin disputou a presidência com o presidente Lula. Os dois disputaram, um saiu vitorioso e eu lembro a declaração do governador naquele dia: na democracia um ganha para governar, outro perde para fazer oposição”, declarou o senador. •

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