Especialistas detectam aumento de 23% no número de casos, no primeiro semestre de 2022, em comparação com pleito de 2020. Os eventos têm como alvo a oposição

 

O assassinato de Marcelo Arruda é o mais recente episódio da escalada de violência política que o presidente Jair Bolsonaro sempre incentivou em sua carreira pública, que começou com um plano para explodir o gasômetro do Rio, em 1988. A extrema direita vem semeando o ódio e cometendo sucessivamente ameaças, agressões, assassinatos e atentados contra a oposição.

Desde 2016, quando veio a deposição de Dilma Rousseff da Presidência da República por um impeachment fraudulento, os episódios de violência contra opositores e líderes de esquerda têm crescido assustadoramente.

O relatório “Violência Política e Eleitoral no Brasil, elaborado pela Terra de Direitos e Justiça Global, mapeou 327 casos de violência política entre 1º de janeiro de 2016 e 1º de setembro de 2020. Foram registrados 125 assassinatos e atentados, 85 ameaças, 33 agressões, 59 ofensas, 21 invasões e quatro casos de prisão ou tentativa de detenção de agentes políticos, pré-candidatos, candidatos ou eleitos.

De acordo com o Observatório, o número de casos de violência neste primeiro semestre superou os registrados no mesmo período das eleições municipais de 2020. Já são 214 casos ante 174 há dois anos, um aumento de 23%. Os episódios se sucederam de maneira tão rápida, que foram quase naturalizados.

O mais rumoroso ocorreu há quatro anos. A vereadora do PSOL Marielle Franco foi morta a tiros na Região Central do Rio, em 14 de março de 2018. Duas semanas depois, tiros foram disparados contra a caravana de Lula no Paraná. Depois, durante a campanha eleitoral, em 3 de setembro, Bolsonaro é flagrado estimulando a morte de adversários: “Vamos fuzilar a petralhada”, disse, em Rio Branco (AC).

Em 7 de outubro de 2018, no dia do primeiro turno das eleições, bolsonaritas atropelam o cineasta Guilherme Daldin, em Curitiba. E a cantora trans Juliana Iguaçu é agredida na cabeça. Pelo menos 50 casos de violência foram registrados nos dez dias anteriores em todo o país, segundo levantamento da Agência Pública e Open Knowledge.

No dia seguinte, em 8 de outubro, um bolsonarista assassinou com 12 facadas o capoeirista Mestre Moa do Katendê em Salvador. Dois dias depois, em 10 de outubro, dez bolsonaristas armados atacam a Casa do Estudante na Universidade Federal do Paraná, em Curitiba. Em 28 de novembro de 2019, um apoiador do presidente Jair Bolsonaro assassina um idoso a socos e pontapés em Balneário Camboriú (SC), por divergência política.

No domingo, em nota divulgada depois do assassinato de Marcelo Arruda, o PT divulgou nota cobrando das autoridades de segurança pública medidas efetivas de prevenção e combate à violência política. “Alertamos ao Tribunal Superior Eleitoral e ao Supremo Tribunal Federal para que coíbam firmemente toda e qualquer situação que alimente um clima de disputa violenta fora dos marcos da democracia e da civilidade”, destacou. •

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