No trimestre encerrado em outubro de 2021, a taxa de desocupação foi de 12,1%. Isso equivale a 12,9 milhões de pessoas desempregadas. Um patamar bem acima da pré-pandemia, de 11,8%.

Para além da gravidade desse dado em si, a análise da desocupação por faixa etária revela uma situação especialmente dramática para a população mais jovem. A taxa alcança 40% para aqueles na faixa de 14 a 17 anos. E 25,7%, para 18 a 24 anos.

Ou seja, para a juventude brasileira, o atual nível de desemprego é hoje praticamente o dobro daquele que era registrado no melhor momento da série histórica. Isto é, no último trimestre de 2013, respectivamente 18,6% e 12,8%, ainda no primeiro governo Dilma.

Uma outra dimensão expressiva da crise do mercado de trabalho do país é a dos rendimentos do trabalho. De acordo com a PNAD Contínua, nota-se que o valor de R$ 2.449 aferido no trimestre encerrado no último mês de outubro corresponde ao menor patamar desde o início da série, iniciada em 2012.

Já na comparação com o rendimento médio mensal registrado imediatamente antes do início da pandemia — era de R$ 2.629 entre dezembro e fevereiro de 2020 —, percebe-se uma perda média de R$ 180, ou 7%, causada entre outros fatores por mudanças qualitativas que se aprofundaram ao longo dos últimos anos. Isso se deve, por exemplo, à queda no assalariamento com carteira e a correspondente expansão dos trabalhadores informais e, notadamente, daqueles que vivem por conta própria. 

Embora o mercado de trabalho brasileiro tenha registrado alguma melhora ao longo de 2021, acompanhando com atraso o ritmo da retomada da atividade econômica, os dados mais recentes da PNAD-Contínua indicam ainda um quadro muito preocupante e persistente de desestruturação do emprego e altas taxas de desemprego.

Considerando a lenta recuperação do total de ocupados e a rápida perda de valor do rendimento médio mensal, tem-se um quadro de estagnação da massa total de rendimento do trabalho — em R$ 225 bilhões.

Isso explica em grande medida a lenta recuperação do consumo agregado ao longo dos últimos meses. Ademais, a informalidade do trabalho não parou de crescer. Hoje, 49% da população ocupada não possui acesso a sistemas mínimos de proteção do emprego, sendo 46,06 milhões de trabalhadores precarizados: 25,6 milhões de trabalhadores por conta própria, 12 milhões de trabalhadores sem carteira assinada e 4,2 de trabalhadores domésticos sem carteira, entre outras ocupações informais.

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