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A pandemia começou 2022 com um novo nome. Já não é a pandemia de covid, mas “a pandemia da desigualdade”, segundo o relatório da organização não governamental Oxfam. Fundada na Grã-Bretanha em 1942 e espalhada por vários países, a Oxfam tenta combater a pobreza e as desigualdades no mundo. 

De acordo com o estudo, intitulado “As desigualdades matam”, entre março de 2020 e novembro de 2021 os dez homens mais ricos do mundo mais que dobraram sua fortuna de US$ 700 bilhões para US$ 1,5 trilhão, a uma taxa de 15 mil dólares por segundo. Ou US$ 1,3 bilhão por dia. 

Mais de 160 milhões de pessoas em todo o mundo atingiram o nível de pobreza e vivem hoje com menos de US$ 5,50 dólares por dia em relação ao período anterior à pandemia. As mulheres são as que mais perderam neste período. E, claro, também os países em desenvolvimento.

Entre os 10 super ricos estão Elon Musk (fabricante dos carros elétricos da Tesla), Jeff Bezos (dono da Amazon), Bill Gates (fundador da Microsoft), Mark Zuckerberg (fundador do Facebook). Segundo a Oxfam, esses dez super-ricos têm uma riqueza maior que a de 40% da população mundial.

A pandemia também levou a um aumento considerável da pobreza. A cada 4 segundos, segundo a Oxfam, uma pessoa morre por falta de acesso a medicamentos, pelos impactos da crise climática — seca, enchentes, etc) —, por fome ou violência de gênero. 

Mais de 160 milhões de pessoas que chegaram a um estado de pobreza desde o início da pandemia. E, segundo as projeções do Banco Mundial, não voltará aos níveis pré-pandemia até 2030, o que fala de um mundo que será muito difícil nos próximos anos.

“Nunca foi tão importante acabar com as desigualdades violentas e obscenas recuperando o poder e a extrema riqueza das elites, por meio de medidas fiscais que permitem reintegrar o dinheiro na economia real e salvar vidas”, segundo Gabriela Bucher, diretora da Oxfam Internacional. 

“Que as desigualdades estejam aumentando nessa escala e ritmo não é fruto do acaso, mas da escolha. Os modelos econômicos atuais não apenas nos expuseram mais ao impacto da pandemia, mas estão permitindo que aqueles que já são extremamente ricos e poderosos, explorar esta crise a seu favor”, denuncia

A Oxfam recomenda que os governos adotem as seguintes medidas: recuperar os lucros dos bilionários por meio de um imposto sobre capital e riqueza e investir o dinheiro recuperado em serviços de saúde, proteção social, mudanças climáticas e prevenção da violência de gênero. 

Estima-se que cerca de US$ 800 bilhões de dólares poderiam ser recuperados em todo o mundo dessa forma, valor suficiente para vacinar o mundo inteiro e garantir o acesso à cura para todos. Outras medidas propostas são a abolição de leis racistas e sexistas e, para os países ricos, suspensão imediata da propriedade intelectual para a produção de vacinas. •