Ao contrário do que insistem analistas e economistas liberais, o Brasil não está quebrado e nem o PT ajudou a afundar a sua economia. Pelo contrário. O investimento foi um dos principais motores do crescimento econômico durante os governos do PT. A taxa de investimento saltou de um patamar em torno de 17,5% do PIB nos governos de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) para 19,3% do PIB no segundo governo de Luiz Inácio Lula da Silva e 20,5% do PIB no primeiro governo Dilma Rousseff.

Este é o décimo primeiro de uma série de artigos organizada para oferecer fatos e números que desconstroem as mentiras circulantes segundo as quais a política econômica do PT teria “quebrado o Brasil”.

Nas análises anteriores, demonstramos a falsidade dessa narrativa apresentando fatos e números do comportamento de diversos indicadores econômicos que, absolutamente, não ‘revelam’ que a economia, ao cabo dos governos petistas, estivesse vivendo “crise terminal”.

No último artigo mostramos que o Brasil voltou a crescer e a redistribuir os frutos deste crescimento. Entre 2002 e 2015, o Produto Interno Bruto (PIB) passou de R$ 5,3 trilhões para R$ 7,7 trilhões. E o PIB per capita, de R$ 29,6 mil para R$ 37,7 mil.

O crescimento teve impactos positivos na expansão do consumo das famílias e nas vendas no varejo. Em 2002, o Brasil ocupava a 13ª posição no ranking global de economias medido pelo PIB em dólar (dados do Banco Mundial e FMI); em 2011, chegou a ser a 6ª maior economia do mundo; e em 2008, o país ganhou o selo de “grau de investimento” das agências de classificação de risco.

O gráfico 1 mostra a taxa de investimentos no Brasil, em relação ao PIB, no período que vai de 1995 a 2018. O gráfico 2 evidencia que a taxa de investimento em 2015 reduziu-se para 17,8% do PIB, por conta da inflexão nos rumos da economia, do agravamento da crise política e dos efeitos disruptivos da operação Lava Jato, que destruiu setores produtivos e empregos, em sua estratégia para desmontar empresas nacionais.

A partir da reeleição da presidenta Dilma, a oposição passou a apostar no golpe, na instabilidade institucional e na imposição de limites legislativos para a condução da política econômica. Nos governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro, a taxa de investimentos despencou, registrando os menores valores relativos da série analisada.

A esses fatos e ao diagnóstico conservador que se tornou dominante na mídia é preciso contrapor que, durante os governos do PT, foi esboçada uma política de desenvolvimento apoiada na criação de um mercado de consumo de massas formado a partir de políticas de distribuição de renda, aumento salarial, expansão do emprego e ampliação do acesso ao crédito, cuja maior virtude foi conseguir melhorar de modo expressivo as condições de vida dos mais pobres.

Ao contrário do que pretende o discurso liberal, esse crescimento não foi artificial, mesmo tendo no consumo seu elemento mais dinâmico. Tampouco decorreu de medidas populistas, nem foi puxado exclusivamente pelo consumo. Ainda que distante do nível que seria o ideal, o investimento cresceu em geral mais do que o consumo e do que o PIB, graças às políticas adotadas pelos governos do PT.

Essas políticas dos governos Lula e Dilma retomaram e racionalizaram o esforço do Estado em apoio ao desenvolvimento, com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a recuperação do investimento público e graças à decisão de expandir o financiamento de longo prazo também para o investimento privado, via BNDES.

Os próximos artigos analisarão as trajetórias de crescimento do investimento público e dos desembolsos do BNDES, que mostram, de forma complementar, a dimensão do esforço que os governos Lula e Dilma empreenderam nessa esfera. A média anual do investimento público passa de 1,57% do PIB (1995-2002) para 1,9% do PIB (2003-2014), um aumento de 21%. O apoio dos governos Lula e Dilma ao investimento privado de longo prazo fica evidente nos dados sobre a trajetória de desembolsos do BNDES, que saltam de R$ 38,1 bilhões (2002) para R$ 187,8 bilhões (2014), um aumento de 493%.

Portanto, também no caso desses indicadores, não se sustenta a versão fantasiosa de que a crise que teria sido gerada pelos governos do PT teria sido “fundamentalmente crise de irresponsabilidade fiscal”, como o arbítrio mais delirante nunca se cansa de repetir. Mais uma vez, os dados demonstram que os movimentos narrativos que ocuparam os discursos midiáticos jamais tiveram em vista os interesses do Brasil e dos brasileiros; e que a tal “crise” inventada só serviu aos interesses econômicos e políticos dos protagonistas do impeachment farsesco a farsa que foi o impeachment da presidenta Dilma Rousseff.

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