Lula continua o franco favorito nas eleições presidenciais, distanciando-se de Bolsonaro e de Sérgio Moro. Líder da extrema-direita tem rejeição recorde e reprovação ao governo continua alta

 

 

As pesquisas divulgadas pelos institutos neste início de ano confirmam o alto índice de rejeição ao governo Bolsonaro, a liderança folgada do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a economia e a pandemia como as principais fontes de preocupação dos brasileiros.

Os dois levantamentos divulgados em janeiro são dos institutos PoderData e Quaest, que utilizam metodologias distintas de coleta de dados — a primeira, por telefone com operador automático e, a segunda, por meio de entrevistas presenciais. Em comparação com os levantamentos do final de 2021, não há grandes alterações.

O cenário é de estabilização da reprovação de Bolsonaro em altos patamares nos últimos meses, entre 50% e 60% da população, a depender do instituto. No caso da aprovação, a mesma tendência de consolidação de patamar: os números variam entre 20% e 25%, cerca de um quinto e um quarto da população.

De acordo com o PoderData, são 24% os que aprovam o governo, enquanto a Quaest registra 22%. Entre novembro e dezembro, três institutos apontaram que a aprovação ao governo Bolsonaro tinha diminuído pela primeira vez para menos de 20% da população: Quaest, Vox Populi e IPEC.

Os levantamentos recentes trazem também a percepção dos brasileiros sobre a conjuntura do país. A Quaest aponta que embora temas econômicos e sociais — desemprego, inflação, crescimento econômico e fome/miséria — ainda figurem como o principal problema detectado pelos brasileiros, houve aumento da menção à pandemia/saúde como grande entrave para o país, provavelmente em razão do avanço da variante Ômicron. Desde novembro, houve um aumento de 11 pontos percentuais nesse índice, que subiu de 17% para 28%. É o maior índice desde setembro do ano passado.

Isso também se reflete em outro resultado, em pergunta que mede diretamente a preocupação com a pandemia. Se em novembro 55% dos brasileiros se diziam muito preocupados com a pandemia, o levantamento recente aponta 69% com tal percepção — um aumento de 14 pontos percentuais.

A maior parte dos brasileiros (72%) defende a vacinação infantil, segundo o levantamento. O dado é confirmado pelo PoderData, que também perguntou aos brasileiros sobre a vacinação de crianças: 71% se disseram favoráveis, 16% contrários e outros 13% não souberam responder. Há grande preocupação com a Ômicron para 42% dos brasileiros, sendo que outros 40% disseram estar mais ou menos preocupados e 47% não acreditam no fim da pandemia este ano.

Os cenários de intenção de voto também seguem em relativa estabilidade. O ano se inicia com favoritismo de Lula nas eleições presidenciais, em patamares de voto que vão de 40% a 49% nas pesquisas realizadas em dezembro e janeiro. Bolsonaro segue com patamar entre 22% a 30%.

Após entrar na corrida eleitoral com dois dígitos nos levantamentos, Sergio Moro (Podemos) parece ter se estabilizado entre 7 e 11 pontos. A entrada do ex-juiz parece ter sufocado as candidaturas de Ciro Gomes (PDT) e João Doria (PSDB). Se o ex-governador do Ceará chegou a pontuar até 11%, neste momento está limitado a um patamar de 5% a 8% das intenções de voto, enquanto o governador de São Paulo permanece com 3% a 4% da preferência dos brasileiros para as eleições.

As pesquisas seguem divergindo pontualmente em relação aos patamares de Lula e Bolsonaro: o petista tem possibilidade real de vitória em primeiro turno nos levantamentos realizados presencialmente, enquanto Bolsonaro desempenha melhor naqueles que fizeram entrevistas por telefone ou via painel online. Sobre as diferentes metodologias, o Noppe publicou nota técnica em 2021.

Nos dados de segundo turno todas convergem para a vantagem de Lula sobre os adversários. De acordo com a pesquisa Quaest, única divulgada em janeiro até o fechamento deste artigo a trazer dados eleitorais, Lula teria 24 pontos de vantagem contra Bolsonaro (54% x 30%), 20 pontos contra Moro (50% x 30%), 31 pontos contra Ciro (52% x 21%) e 40 pontos contra João Doria (40%).

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