O presidente Jair Bolsonaro acabou com o auxílio emergencial e o Bolsa Família para criar o eleitoreiro programa Auxílio Brasil sem nenhum tipo de planejamento. O resultado é que mais de 29 milhões de famílias deixaram de receber recursos para combater a fome e a rede de proteção social do país se transformou num verdadeiro caos.

O UOL revelou que o governo usou números de mais de uma década atrás, do Censo de 2010 — o último realizado no país. Isso é um problema. É que na hora de distribuir os recursos, o novo programa leva em conta o percentual de famílias pobres de cada cidade. Mas, em 11 anos, os percentuais mudaram. Isso distorce a realidade e causa prejuízos às famílias na fila de espera.

Entre os maiores prejudicados estão os estados do Nordeste, que há tempos vêm cobrando a atualização da fila de espera do Bolsa Família, agora substituído pelo Auxílio Brasil. Em outubro, o governador do Piauí, Wellington Dias (PT) — presidente do Consórcio Nordeste — enviou ofício ao governo cobrando a inclusão de 2,4 milhões de famílias, das quais mais de 880 mil são do Nordeste.

O governo admitiu que usou o Censo de 2010 e disse que pretende fazer as atualizações em 2022. A resposta só deixa clara a imensa falta de seriedade com que Bolsonaro trata as políticas de proteção aos mais pobres. O Planalto acabou com o auxílio emergencial e jogou no lixo 18 anos de existência do Bolsa Família para colocar no lugar um programa que não utiliza nem mesmo dados confiáveis.

Presidenta nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR), critica: “É mais uma façanha inacreditável do atual desgoverno”. Pesquisador na área de economia social, o professor Cícero Péricles de Carvalho, da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), disse que qualquer novo programa deveria se preocupar em ter dados atualizados. “O Auxílio Brasil é provisório e já nasce defasado”, alerta.

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