No aniversário de 50 anos do Dia da Consciência Negra, a juventude protagoniza o começo do fim da barbárie

 

 

Vivemos sob a mira da face mais odiosa do racismo: um governo fascista, que decreta como principal inimigo a juventude negra. Quem se importaria com a morte de mais um jovem negro quando morrem 64 deles deles todos os dias? O silenciamento social e governamental sobre essas mortes desnuda o acordo entre o racismo e um governo que o incentiva.

Um projeto de política de morte está instalado no Palácio do Planalto, personalizado na pessoa de Jair Messias Bolsonaro. Somos um país que passa fome. São 13,7 milhões de desempregados e a insegurança alimentar grave chega a 20,6% dos lares brasileiros com jovens até 17 anos em dezembro de 2020, segundo estudo da Universidade Livre de Berlim. Nos governos petistas, com programas como o Bolsa Família e Fome Zero, o Brasil saiu do mapa da fome e acreditávamos ser uma pauta vencida.

Agora, neste novembro negro, o Bolsa Família foi destruído, teve sua última parcela paga no final de outubro e uma cópia mal feita vai tomar seu lugar.

No ano que marca os 50 anos da criação do Dia da Consciência Negra e os 20 anos da Conferência de Durban — Terceira Conferência Mundial contra o Racismo, a Discriminação Racial, a Xenofobia e Formas Correlatas de Intolerância —, a juventude negra se soma aos atos da campanha Fora Bolsonaro nas ruas.

Será um 20 de novembro com um misto de sentimentos diferentes: a tristeza de ver os seus padecerem na violência que é ser negro e pobre no Brasil e a felicidade em, juntos dos nossos, ocupar as ruas numa marcha negra e corajosa que emocionaria até o mais forte dos nossos ancestrais.

O povo preto toma as ruas em mais de 80 atos espalhados por todo o país na luta contra a violência policial que leva 80% mais jovens negros que brancos. E contra a fome que faz com que mães pretas se humilhem revirando caminhões de lixo nos bairros elitistas de Fortaleza.

Ou contra o desespero que leva jovens negros a evadir das escolas e universidades e se renderem à uberização de nossos corpos em troca de uma chance de alimentar a família sem precisar entrar pro tráfico que bate as nossas portas todos os dias.

E mesmo contra o desejo sanguinário do governo federal em encerrar o programa de cotas nas universidades, porque um negro que não estuda não corre o risco de estar entre o sucesso e a lama, a única realidade será o drama e a terra molhada na volta pra quebrada toda noite.

Seremos nós, a juventude negra que, segundo Eliane Brum, foi a responsável pelo rompimento drástico da burguesia com o projeto social do PT de construção de um Brasil mais igualitário — quando começamos a ocupar os shoppings com nossos rolezinhos em 2013, assustando as madames que jamais imaginavam um dia ver seu playground particular lotado de pretos e pretas cantando funk e entoando em alto e bom som “Negro Drama”, do Racionais, com orgulho e peito cheio, e consumindo de suas marcas importadas.

Seremos nós a alavanca que consagra a queda do fascismo brasileiro.

No cinquentenário do Dia da Consulta Negra, a juventude negra, com a licença de chegar dada pelos nosso mais velhos, ocupa as ruas dando início ao BASTA na realidade que o Golpe de 2016 trouxe de volta ao país, mas que aniquilaremos de uma vez por todas, junto com o governo Bolsonaro racista e genocida.

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