A alta rejeição do governo acarreta um possível teto eleitoral para Bolsonaro. E, no segundo turno, o petista tem 30 pontos de vantagem ante Bolsonaro, 33 de dianteira sobre Ciro, 35 em Moro e 45 em Doria. E ainda tem a menor taxa de rejeição

 

A disputa presidencial em 2022 ganhou novos elementos que pioram a situação do presidente Jair Bolsonaro. Neste artigo, trazemos as análises do Núcleo de Opinião Pública, Pesquisas e Estudos (Noppe), da Fundação Perseu Abramo, sobre os resultados das últimas pesquisas Quaest e Vox Populi, divulgadas na semana, com apontamentos e tendências possíveis detectadas.

Ambas as pesquisas revelam que o cenário eleitoral segue desenhado, até o momento, em torno de uma larga vantagem para o ex-presidente Lula (PT), com possibilidade de vitória em primeiro turno. O levantamento da Quaest traz um possível teto para Jair Bolsonaro – que agora disputa votos com o ex-juiz Sérgio Moro. Houve uma queda de 5 pontos percentuais desde a última pesquisa, com a entrada de Moro nas simulações.

Esse quadro desidrata outros candidatos que se intitulam como ‘terceira via’. Em relação à outra pesquisa do instituto que testou um cenário reduzido com Lula, Bolsonaro, Ciro Gomes, João Doria e Rodrigo Pacheco, feita em setembro, houve queda de 2 pontos percentuais (p.p.) na intenção de voto do candidato do PDT e 4 p.p. do governador de São Paulo.

Já Lula cresceu de 46% para 48% em dois meses e hoje teria 56% dos votos válidos. Nas simulações de segundo turno, o ex-presidente tem 30 pontos de vantagem para Bolsonaro, 33 para Ciro, 35 para Moro e 45 para Doria.

Chama a atenção, por fim, os índices de rejeição medidos pelo instituto: 67% dos brasileiros conhecem e não votariam em Jair Bolsonaro, 61% em Moro, 58% em Doria, 53% em Ciro e 39% não votariam em Lula. O ex-presidente tem o menor índice entre os principais pré-candidatos à Presidência da República.

 

 

Bolsonaro rejeitado

O levantamento da Quaest foi realizado presencialmente entre os 3 e 6 de novembro em parceria com a consultoria Genial Investimentos. E o da Vox Populi, entre 30 de outubro e 4 de novembro. De acordo com a Quaest, aumentou a reprovação ao governo Bolsonaro, de 53% para 56%. O levantamento da Vox Populi traz a reprovação ao governo em 51%, e a desaprovação pessoal do presidente em 69%.

Segundo o Quaest, a aprovação caiu para menos de um quinto da população, chegando a 19%. Com isso, os dados confirmam o que outros institutos vinham demonstrando – uma reprovação na casa dos 60% da população ao governo.

Destaque para os patamares elevados de reprovação do presidente nas regiões Sul e Norte (54% e 59%, respectivamente) e no Nordeste (60%) e Sudeste (54%). Há alta reprovação entre a base social da pirâmide (60%) e no segmento com renda familiar mensal de 2 a 5 salários mínimos (55%). A pesquisa também confirma a alta reprovação entre as mulheres (59%), entre os jovens (61%) e entre os católicos (59%).

A alta rejeição do governo acarreta um possível teto eleitoral de Jair Bolsonaro e, ainda, a percepção majoritária de que o atual presidente não merece mais quatro anos de governo.

De acordo com o levantamento Quaest, Bolsonaro atinge 21% das intenções de voto em ambos os cenários testados, e 69% dos brasileiros afirmam que ele não merece ser reeleito. Nesse sentido, outro dado interessante é que entre quem declara ter votado em Bolsonaro no segundo turno das eleições de 2018, 40% afirmam que ele não mereceria outro mandato.

O levantamento da Quaest confirma que a economia é a grande preocupação dos brasileiros no momento, conforme apontamos em artigos anteriores. De agosto deste ano para cá, aumentou de 32% para 48% a menção aos problemas econômicos como os principais do Brasil, o que coincide com uma queda da percepção em relação à saúde e à pandemia.

A pesquisa também aponta que ‘questões sociais’ — nomenclatura do próprio instituto — são mencionadas como principais problemas para 13% da população. Desagregando as categorias, 23% da população opinam que o problema é o crescimento econômico; 14%, o desemprego; e, para 11%, a inflação. E de outro lado, a fome preocupa 10% e a desigualdade, 2%.

Portanto, 60% das menções totais aos problemas estão concentradas nesses dois eixos – que dizem respeito aos problemas igualmente econômicos e sociais, sem distinção. Segundo a Vox Populi, 70% dos brasileiros avaliam negativamente a situação econômica, e 79% estão insatisfeitos com o país.

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