Bolsonaro mantém política de dolarização que faz o preço aumentar pela quinta semana consecutiva. Tarifa do gás de cozinha também segue alta. PT quer novas regras para cálculo de combustíveis

 

Não é oficial porque a gestão do general Joaquim Silva e Luna na Petrobrás segue o negacionismo de Bolsonaro, mas na prática o Brasil voltou aos infames tempos de aumentos semanais dos combustíveis. Levantamento da Agência Nacional do Petróleo (ANP) divulgado na segunda-feira, 8 revela que a gasolina subiu pela quinta semana consecutiva. O diesel e gás liquefeito de petróleo (GLP) seguiram o mesmo caminho.

Com o novo reajuste, o preço médio da gasolina subiu 2,25% na semana passada, passando de R$ 6,562 para R$ 6,710, mas no Rio Grande do Sul o litro já é vendido a R$ 7,99. Os dados da ANP mostram ainda que o diesel subiu 2,45%. O preço médio do litro passou de R$ 5,211 para R$ 5,339. Desde o início do ano, oo combustível acumula alta de 48,05%.

O gás de botijão teve aumento de 0,49% e passou de R$ 102,04 para R$ 102,48, enquanto o valor médio do litro do etanol subiu 4,5%, para R$ 5,294. O preço máximo foi de R$ 7,899 o litro em Bagé, também no Rio Grande do Sul.

Com o preço da gasolina, do gás natural (GNV) e do etanol em alta, a inflação para o motorista no Brasil disparou e já chega a 18,46% no acumulado em 12 meses até outubro, segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getulio Vargas (FGV). É a maior inflação para esse grupo desde 2000, quando Fernando Henrique Cardoso desmontava a estatal na tentativa de privatizá-la.

Adotada em outubro de 2016 pelo ministro do “apagão” de FHC, Pedro Parente, nomeado por Michel Temer para o comando da Petrobrás, a política de Preço de Paridade Internacional (PPI) é a responsável pela escalada incontrolável. Mantido por Jair Bolsonaro, o PPI considera a cotação do petróleo no mercado internacional, em dólar, além de colocar na moeda dos EUA os custos de exploração, produção e refino, embora o grosso da produção de óleo, gás e derivados da Petrobrás ocorra com matéria-prima nacional. Até 5 de novembro, o dólar acumulava alta de 6,40% sobre o real este ano.

Na última semana, o monitor de preços do Observatório Social da Petrobras (OSP) registrou os maiores patamares dos últimos 20 anos para os preços de combustíveis no país. “Desde março, o GLP vem mês a mês atingindo o maior valor do século. No caso do diesel, esse recorde vem sendo quebrado mês a mês desde maio. Na gasolina, o maior patamar de preço chegou em outubro”, explica o economista Eric Gil Dantas, da OSP.

Um projeto de lei do senador Rogério Carvalho (PT-SE) em tramitação no Congresso, tenta impor diretrizes para a conformação de preços dos combustíveis, incluindo gás de cozinha e GLP, para evitar aumentos constantes. O projeto não adota qualquer medida relacionada ao tabelamento ou controle de preços.

A nova regra combinaria custos internos de produção, cotação internacional e custos de importação, dando transparência à formação do preço – o custo real, o que é em dólar e o que não é. O projeto prevê ainda um imposto sobre a exportação de petróleo bruto, com alíquotas progressivas.

`