A entrada de Sérgio Moro no Podemos, a legenda que abriga hoje o ex-senador tucano Álvaro Dias (PR), não é a única cartada da Lava Jato. Outra estrela queimada da República de Curitiba também sonha alçar voo como deputado federal no próximo ano. Deltan Dallagnol, o ex-coordenador da força-tarefa da operação do MPF, que tinha como objetivo central destruir Lula e facilitar a venda da Petrobrás, vai ingressar no antigo PTN em dezembro.

Ele foi convidado por Dias a se filiar ao partido — o antigo PTN —, que deve ser a nova legenda dos bolsonaristas sem Bolsonaro. A pretensão do ex-procurador, que anunciou o desligamento do Ministério Público Federal depois de ser desmascarado pela Vaza Jato, é cuidar exclusivamente da carreira política daqui para a frente, apesar dos percalços que enfrenta no Tribunal de Contas da União  (leia matéria ao lado).

Depois de destruir a própria imagem de paladino da Justiça por conta da perseguição a Lula, o ex-procurador, cujo apelido entre os colegas da Lava Jato era “Deltinha”, terá de se explicar como usou as diárias milionárias recebidas pela força-tarefa de Curitiba ao TCU.

Na última sexta, 12, Deltinha desembarcou em Londrina para participar do encontro estadual de pré-candidatos do Podemos. No início de novembro, o advogado anunciou a saída do MPF e sinalizou que abraçaria a política sem as amarras impostas pela legislação que lhe renderam dores de cabeça na Justiça. “Eu tenho várias ideias de como posso contribuir e serei capaz de avaliar, refletir e orar melhor depois que sair do MPF”, comentou. 

O ministro Gilmar Mendes, do STF, deu uma indireta ao ex-procurador: “A seletividade, os métodos de investigações e vazamentos: tudo convergia para um propósito claro — e político, como hoje se revela. Demonizou-se o poder para apoderar-se dele. A receita estava pronta”, desmascarou.

O ex-procurador Carlos Fernando Santos de Lima, sinalizou que a Lava Jato quer atuar sem intermediários. Ele disse que Moro e Dallagnol no Podemos são o início da criação de uma frente de combate à corrupção. Como se não fossem eles os corruptos que fraudaram provas, manipularam delações e atuaram para perseguir adversários.

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