Editorial – O pária internacional e o resgate da esperança
Bolsonaro segue isolado e desmoralizado perante o mundo. Nas últimas semanas, dois grandes eventos de relevância global, a reunião do G20 e a Cop26, escancararam o quanto Bolsonaro tornou-se um pária internacional, um presidente que não tem projeto, que não tem consistência, sem credibilidade e sem soluções para apresentar ao Brasil e ao mundo.
No G20, o Brasil tinha um lugar de respeito, de fala e de protagonismo. Éramos o grande mediador de interesses entre a América Latina e os países em desenvolvimento com as principais nações do planeta. Acumulamos uma reputação de relevância e de soberania, construída principalmente por Lula e pela política altiva e ativa nas relações internacionais dos governos do PT.
O terraplanismo diplomático de Bolsonaro jogou tudo isso na lata do lixo. Na última reunião do G20, o ex-capitão não participou de nenhuma agenda relevante, não fez qualquer manifestação de peso e não esteve presente em nenhuma mesa de negociação importante. Havia no ar até um certo constrangimento dos demais líderes mundiais de aproximarem de um Bolsonaro não vacinado contra Covid, um completo vexame.
Isso em um cenário em que a economia global não teve a retomada prevista no pós-pandemia. As duas maiores economias do planeta — China e Estados Unidos — passam por adversidades.
A China está desacelerando, com a indústria crescendo em um patamar bem inferior ao que foi no início da retomada. Algumas restrições sanitárias permanecem e o país atravessa um problema relevante na construção civil, com a decretação de falência da Evergrande com dívidas de US$ 320 bilhões. O resultado é a redução da atividade das siderúrgicas e retração da compra de minério de ferro.
Nos EUA, o plano Biden sofre forte resistência no Congresso, tendo sido aprovado, até agora, apenas o pacote de infraestrutura no valor de US$ 1,2 trilhão. O Fed, banco central norte-americana, começa a retirar os mecanismos de estímulo monetário, com consequente repercussão nas taxas de juros e no crescimento daquele país e da economia global.
No Brasil, sob enorme impacto dos preços administrados pela Petrobrás, como a gasolina, o óleo diesel e o gás de cozinha, a inflação voltou a subir em outubro e chegou a 10,67% em 12 meses, aumentando o custo de vida e penalizando a população mais carente. Se considerarmos um cenário de 19 milhões de desempregados e desalentados e os outros 19 milhões de brasileiros e brasileiras expostos à fome, a degradação social é dramática. Os 72% das famílias endividas sofrerão ainda com o inevitável aumento na taxa de juros.
Frente a esse enorme desafio, o governo Bolsonaro apresentou ao país uma PEC que é uma bomba fiscal para o futuro, como já apontamos neste espaço. O presidente acabou com o Bolsa Família, um programa consistente, estruturado, republicano e reconhecido internacionalmente, para colocar no lugar o Auxílio Brasil, uma iniciativa eleitoral, que não tem fonte permanente de financiamento, cheio de penduricalhos e de difícil compreensão para os mais pobres.
Em Glasgow, na Cop26, a Conferência sobre o Clima das Nações Unidas, Bolsonaro ignorou a emergência climática e sequer deu as caras. Pior, o Brasil participou da reunião na condição de um dos cinco países que mais agravaram o aquecimento global desde o Acordo de Paris e o governo apresentou ao mundo uma pedalada climática.
O fato é que se compromisso climáticos mais ambiciosos não forem firmados a temperatura média da Terra deve subir 1,5ºC até 2030. Pelos números atuais, o aumento médio da temperatura ficará entre 2,4ºC e 2,7ºC, o que ameaça a experiência humana no planeta. A redução das emissões de CO2 em 45% até 2030, das emissões de metano em 30% até 2030 e acordo firmado por mais de cem países para o fim do desmatamento são aspectos positivos. Mas… Ninguém confia em Bolsonaro…
É nesse cenário que Lula vem se consolidando como grande força capaz reconstruir o Brasil. Em todas as pesquisas, o ex-presidente derrota os adversários, em qualquer cenário, inclusive com chances reais de vitória já no primeiro turno. Isso porque Lula representa um momento extraordinário da história do país, que combinou estabilidade, crescimento, distribuição de renda e justiça social.
Lula é o único que tem um legado que serve como bússola para o futuro. É também o único que entregou o que prometeu. Portanto, Lula é quem carrega o discurso da credibilidade e quem tem o coração do povo brasileiro.
No momento em que escrevo este editorial, acompanho Lula na jornada dele pela Europa, o que será tema de editorias futuros. Mas, ao viver de perto essa história, é inevitável não comparar Lula, um estadista reconhecido em todo mundo — e com agendas relevantes com os principais líderes do Velho Mundo — com Bolsonaro, um pária internacional, que nos envergonhou no G20 e na Cop26. Por isso, o mundo precisa de Lula.
É essa força de Lula e esse profundo compromisso com um Brasil mais justo, mais solidário e mais generoso — para meus netos e netas —, mas, para todos e todas que, mesmo depois de 40 anos de vida pública, seguem me motivando e me inspirando. Não tenho dúvidas que toda essa energia também vai encher de esperança o povo brasileiro na campanha do ano que vem.
Para resgatarmos um Brasil de sonhos e de esperança: é Lula lá, de novo!