O desmonte da educação começou com a ascensão de Michel Temer ao governo. Jair Bolsonaro e seus sequazes têm como objetivo a continuidade do aprofundamento da destruição. Neste 15 de outubro, comemora-se o Dia do Professor.

Em respeito a uma das mais importantes profissões do mundo, e daquelas brasileiras e brasileiros que, com seu conhecimento, genialidade e dedicação contribuíram para a construção do sentimento de Nação e pertencimento do povo brasileiro, relembramos o papel histórico de 12 figuras da educação.

Estão no panteão dos heróis nacionais. São educadores que pelas suas obras e seu engajamento na construção de um Brasil mais justo solidário e humano, exigem de nós o reconhecimento e o prosseguimento de suas lutas e ideais.

Paulo Freire (1921-1997) — Educador e filósofo pernambucano, considerado o patrono da educação brasileira, é autor de dezenas de livros, ensaios e programas. Seu livro “Pedagogia do oprimido” foi traduzido para mais de 40 línguas, tornando-o um dos escritores brasileiros mais lidos no mundo. Ex-secretário de Educação de São Paulo no governo Erundina. Seu método educativo é reconhecido mundialmente.

Lélia Gonzalez (1935-1994) — Professora, filósofa e antropóloga mineira tem uma significativa contribuição no sentimento e construção do negro e principalmente do feminismo negro brasileiro. Fundadora do MNU é autora de várias obras, entre as quais “Por um feminismo afro-latino-americano”, seu legado tirou do armário a questão racial e foi precursor da discussão que se trava hoje no Brasil: o racismo estrutural.

Darcy Ribeiro (1922-1997) — Considerado o grande antropólogo brasileiro, o mineiro foi o fundador da UnB e ministro-chefe da Casa Civil de João Goulart, além de senador pelo PDT. Profundamente comprometido com a educação em seus variados níveis, foi um dos idealizadores, junto com Leonel Brizola e Oscar Niemeyer, do programa dos CIEPs, no Rio de Janeiro. É um dos grandes estudiosos da questão indígena brasileira, ajudou a desvendar o sentimento de brasilidade com sua obra “O povo brasileiro”.

Maria Yedda Linhares (1921-2011) — A historiadora cearense foi uma das intelectuais mais preocupadas com a educação básica e fundamental e sua importância na construção do futuro da Nação. Desenvolveu na antiga Universidade do Brasil, atual UFRJ, o projeto de formação histórica para professores do segmento inicial do ensino. Foi secretária de Educação no governo Brizola, onde construiu 750 escolas.

Antônio Candido (1918-2017) — O sociólogo carioca radicado em São Paulo é considerado o principal crítico literário do país. Professor da USP, foi o idealizador do “Suplemento Literário”, em 1956, publicado pelo Estadão. Autor de “Formação da Literatura Brasileira”, foi vencedor de vários prêmios: Camões, Jabuti, Machado de Assis, da ABL e Anísio Teixeira.

Vânia Bambirra (1940-2015) — Cientista social, graduada em economia, a mineira desenvolveu pesquisas e trabalhos sobre a América Latina. Foi professora titular de Relações Internacionais na UnB e é autora de várias obras, entre as quais, “A Revolução Cubana, uma interpretação”. Seu reconhecimento transcende as fronteiras, sendo respeitada em todo o continente.

Milton Santos (1926-2001) — Geógrafo, jornalista e advogado, o baiano se notabilizou como um dos principais pensadores da geografia nacional. Foi professor da UFBA e da Sorbonne, em Paris. Autor de várias obras, foi homenageado com o Prêmio Internacional de Geografia Vautrin Lud, sendo o único latino-americano a conseguir tal honraria. Aposentou-se como professor da USP, onde continuou colaborando até o seu falecimento.

Luiza Barrios (1953-2016) — Doutora em Sociologia pela Universidade de Michigan, a gaúcha foi fundamental no estabelecimento da Lei de Cotas. Profundamente envolvida nas lutas sociais, escreveu ensaios e artigos sobre o racismo e o feminismo. Foi ministra da Secretaria de Políticas e Promoção da Igualdade no governo Dilma, sendo também uma das grandes impulsionadoras da inclusão da História da África como disciplina nas escolas brasileiras.

Florestan Fernandes (1920-1995) — Sociólogo e professor, é considerado um dos patronos da Sociologia brasileira. Catedrático na USP, lecionou na Universidade de Columbia e de Toronto. Autor de várias obras, entre elas “A Integração do Negro na Sociedade de Classes”. Fundador da União Cultural pela Amizade dos Povos, foi deputado constituinte em 1988 pelo PT, notabilizando-se como um dos principais defensores da educação pública.

Nilcéa Freire (1953-2019) — Médica e pesquisadora, a carioca foi professora da UERJ onde foi eleita reitora. Foi na sua gestão que se implementou pela primeira vez a política de cotas. Feminista, foi ministra-chefe da Secretaria de Políticas para Mulheres no governo Lula, onde realizou a I Conferência Nacional de Mulheres.

Paul Singer (1932-2018) — Economista e professor, o austríaco veio para o Brasil ainda na infância. Naturalizou-se brasileiro em 1954 e construiu uma brilhante carreira como educador. Profundamente identificado com a Economia Solidária, foi o seu grande difusor no Brasil, criando a Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares da USP. Foi secretário Nacional de Economia Solidária do governo Lula.

Nadir Kfouri (1913-2011) — Assistente social, foi a primeira mulher a ocupar uma reitoria de uma universidade católica. Paulista, foi professora da Escola de Serviço Social da PUC. Assumiu a reitoria por indicação de dom Paulo Evaristo Arns, sendo posteriormente reeleita com o apoio de mais de 7.000 professores, alunos e funcionários. Na invasão do campus pela da ditadura, recusou-se a cumprimentar o então secretário de Segurança, Erasmo Dias, com a célebre frase: “Não dou a mão a assassinos”.

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