30 de setembro de 1937

 

GOVERNO E EXÉRCITO FORJAM o PLANO COHEN

 

O governo Vargas anuncia a descoberta do Plano Cohen, pelo qual os comunistas pretendem atacar o país, incendiar prédios públicos, promover fuzilamentos, greve geral, saques e desordem. O plano supostamente teria sido elaborado pela 3ª Internacional Comunista (“Komintern”). Documento chega às mãos de Getúlio depois de circular pelos quartéis.

Mas era tudo mentira. O Plano Cohen, anunciado pelo governo como se fosse uma grave ameaça ao país, fora arquitetado pelo capitão Olímpio Mourão Filho, organizador das milícias da Ação Integralista Brasileira e lotado no setor de inteligência do Estado-Maior do Exército.

Tratado como verdadeiro, o “plano” foi divulgado pelo programa radiofônico oficial com o intuito de reacender a histeria anticomunista e preparando a opinião pública para aceitar uma ditadura — o que não demoraria a acontecer.

 

 

 

19 de setembro de 1948

 

73 ANOS DO NASCIMENTO Do advogado e deputado federal JOSÉ MENTOR

 

José Mentor Guilherme de Melo Netto desde cedo se engajou na política. E foi no movimento estudantil que ajudou a erguer o “Centro Acadêmico 22 de Agosto”, na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), e a reconstruir a União Estadual dos Estudantes (UEE-SP) e a União Nacional dos Estudantes (UNE) durante a ditadura, época em que as entidades estudantis não podiam existir e tinham que se organizar de forma clandestina.  Ele chegou a ser preso no Congresso de Ibiúna (SP), em 1968. E preso em janeiro de 1969, por militar no movimento estudantil em oposição a ditadura. Foi um dos fundadores do PT e dedicou toda sua vida pública e profissional à defesa dos direitos dos trabalhadores e do povo brasileiro. Foi um parlamentar atuante e combativo ao longo de quase 30 anos na Câmara de Vereadores de São Paulo, na Assembleia Legislativa de São Paulo e na Câmara dos Deputados, em Brasília. Faleceu em 2020, aos 71 anos, vítima da Covid-19.

 

 

25 de setembro de 1956

 

OBRA DE TOM E VINÍCIUS: ORFEU E EURÍDICE NO MORRO

 

Entra em cartaz, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, “Orfeu da Conceição”, história da mitologia grega adaptada para as favelas cariocas, em parceria inédita do poeta Vinícius de Moraes com Tom Jobim. O protagonista é um sambista negro. Na leitura de Vinícius, Orfeu, filho de um músico e de uma lavadeira, apaixona-se por Eurídice. A paixão desperta o ciúme e a ira de Mira, sua ex-namorada, que manipula Aristeu, apaixonado por Eurídice, a matá-la. Numa terça de Carnaval, Orfeu desce o morro à procura de Eurídice — uma alusão à descida ao Inferno do mito original. De volta à favela, Orfeu é morto.

 

 

 

30 de setembro de 1982

 

UNE ESCOLHE A SUA PRIMEIRA PRESIDENTA

 

O 34º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), em Piracicaba (SP), elege pela primeira vez uma mulher, Clara Araújo, para a presidência da entidade. O congresso foi monitorado pela repressão. A Operação Pira, cujos registros permaneceram nos arquivos do Dops, foi montada especificamente para fazer a “vigilância” do evento, com agentes infiltrados entre os participantes.

29 de setembro de 1992

 

IMPEACHMENT É TESTE PARA A DEMOCRACIA

 

Por 441 votos a 38, o plenário da Câmara aprova a abertura do processo de impeachment de Fernando Collor de Mello. O presidente é afastado de suas funções por 180 dias, prazo para a conclusão do processo a ser conduzido pelo Senado, conforme previsto na Constituição.

A decisão da Câmara resultou do relatório da CPI que apurou denúncias de Pedro Collor de Mello, irmão do presidente. Ele revelara a existência de um esquema de cobrança de propinas e desvio de recursos públicos comandado por Paulo César Farias, ex-tesoureiro da campanha de Collor, dentro do governo. A CPI concluiu que o presidente estava envolvido em crimes comuns e de responsabilidade.

As revelações da comissão haviam causado grande indignação na população. Os presidentes da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Barbosa Lima Sobrinho, e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Marcelo Lavènére, haviam apresentado ao presidente da Câmara, Ibsen Pinheiro, um pedido de abertura de processo de impeachment contra o presidente. A União Nacional dos Estudantes (UNE) convocou grandes manifestações em que jovens saíram às ruas de caras pintadas. Acuado, Collor conclamou o povo a defendê-lo, saindo às ruas de verde e amarelo num domingo, às vésperas da votação do relatório da CPI. As multidões responderam vestindo roupas pretas.

Collor seria levado a julgamento pelo Senado em 29 de dezembro, data em que foi aprovado o seu impeachment, com a perda do mandato presidencial e a suspensão dos seus direitos políticos por oito anos.

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