No sábado, 2 de Outubro, é dia de sair às ruas para protestar contra o presidente Jair Bolsonaro e seu governo de exclusão, mentiras, empobrecimento, desmonte do Estado e das políticas de proteção social. O povo não aguenta mais as decisões criminosas que causaram a morte de quase 600 mil brasileiros e transformaram a pandemia da Covid-19 em um pesadelo para 20 milhões de pessoas, com o Palácio do Planalto mantendo uma política de desprezo permanente à democracia e ao povo.

Motivos não faltam. As mobilizações de 2 de Outubro serão também uma oportunidade de demonstração de força popular e unidade democrática, em contraste com os atos autoritários e de apologia ao golpe de 7 de Setembro e as manifestações esvaziadas de 12 de setembro, convocadas por bolsonaristas arrependidos de última hora que, no entanto, surfaram no golpe e não abandonam seu pensamento antipopular.

Partidos políticos de esquerda e de centro têm mantido articulações para garantir ampla participação, a despeito de diferenças ideológicas e programáticas. Em setembro, anunciaram unidade o PT, PCdoB, PSol, PDT, PSB, PV, Rede, Cidadania e Solidariedade. Uma das grandes expectativas é saber se o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai participar.

Setores dos movimentos organizados da sociedade civil que vão participar dos atos Fora Bolsonaro, que acontecerão em diversas cidades brasileiras e também em outros países, defendem o impeachment do presidente. A CUT, por exemplo, tem divulgado a ideia de que não dá mais para esperar até o ano que vem para retirar Bolsonaro do Palácio do Planalto.

“Com o país mergulhado em uma crise sem precedentes, provocada pela incompetência e ações equivocadas e autoritárias do presidente e seus ministros inúteis, a única saída para o Brasil é o #ForaBolsonaro”, aponta o presidente nacional da CUT, Sérgio Nobre.

Sindicatos de todo o país, de diversas categorias e organizações filiadas também a outras centrais estão mobilizados. Categorias que vêm realizando manifestações por pautas específicas querem trazer para as ruas o espírito combativo. É o caso dos servidores públicos, que no último dia 22 estiveram mobilizados no Congresso Nacional, pressionando os parlamentares contra a reforma administrativa apresentada pela equipe econômica.

A Coalizão Negra por Direitos, que congrega mais de 200 entidades e coletivos do movimento negro antirracista, adotou a mesma ênfase pela saída imediata de Bolsonaro. Aliás, a Coalizão, assim como a CUT, protocolou pedido de impeachment há mais de um ano.

Com as palavras de ordem “Nem Bala, nem Fome, nem Covid, o Povo Negro quer Viver”, adotadas desde antes das robustas manifestações conjuntas, iniciadas em maio, a Coalizão quer a saída de Bolsonaro. “Enquanto ele estiver no governo, a precarização da vida e as mortes, em todas as dimensões, vai continuar”, denuncia Douglas Belchior, um dos líderes da organização.

“É preciso dar um grito muito grande: ‘Basta. Fora Bolsonaro’, por tudo o que está acontecendo em nosso país”, afirma Kelli Mafort, da coordenação nacional do MST, que está convocando sua militância às ruas. “São 14 milhões de desempregados, 20 milhões de pessoas passando fome. A vida está muito cara: ninguém aguenta pagar conta de energia e o preço dos alimentos está nas alturas. Além disso, estamos batendo na casa dos 600 mil mortos numa pandemia que não acabou”, denuncia.

O MST quer participar dos atos nas capitais, e está organizando plenárias com seus assentados e acampados para encaminhar também atos em municípios menores.

Uma das expectativas dos movimentos que estão organizando os atos é que a proximidade de divulgação do relatório final da CPI da Covid, com revelações de mais crimes na condução da pandemia, gere mais engajamento popular, ampliando a participação das pessoas nas manifestações.

Artistas também prometem participar. O ator Paulo Betti estará novamente nas manifestações junto com outros. “Eu irei sim. É muito importante a tomada das ruas. Os artistas do Rio de Janeiro estão se articulando e vão comparecer”, anuncia.

Nos atos anteriores convocados pelas frentes de esquerda, a juventude tem sido importante para que manifestações ocorressem em cidades de menor porte e mais distantes dos polos regionais, segundo relato de Ligia Toneto, militante da JPT.

Ela diz que isso vai se repetir. “Além da defesa da democracia, a juventude do PT tem focado sua participação na defesa do mercado de trabalho, contra a precarização”, conta. A síntese dessa pauta da JPT tem sido estampada numa faixa em que se lê: “O Povo Acima do Lucro”.

As mulheres também prometem forte participação, renovando o protagonismo demonstrado em 2018 nas gigantescas mobilizações do #EleNão, como as que ocorreram em 29 de Setembro daquele ano. Por sinal, um sábado.

Aquela escolha ajudou a produzir uma mudança no calendário de manifestações nacionais de rua, que anteriormente priorizavam os dias úteis, numa tradição enraizada no movimento sindical, e hoje abre-se aos finais de semana.

Outra mudança percebida por quem costuma participar dessas mobilizações convocada pelas forças de esquerda é o deslocamento dos outrora onipresentes e centralizadores caminhões de som, que hoje dividem espaço com uma diversidade de pequenos palcos e tendas onde grupos compartilham suas afinidades ao longo das avenidas e nas praças. Talvez isso explique também mais uma novidade: os longos discursos ao microfone deram lugar a falas de, em média, 3 a 4 minutos.

`