A última pesquisa do Ipec mostra Lula consolidado na disputa presidencial e a possibilidade real de vencer no primeiro turno. Já Bolsonaro tem sua rejeição ampliada. Datafolha diz que 50% acreditam que o presidente pode tentar um golpe

 

A última pesquisa do instituto Ipec, antigo Ibope, confirma tendências que o Núcleo de Opinião Pública, Pesquisas e Estudos (Noppe), da Fundação Perseu Abramo, apontou nos últimos artigos para a Focus Brasil: o governo Bolsonaro é cada vez mais reprovado pela população e o ex-presidente Lula tem larga vantagem nos cenários de intenção de voto para 2022. Neste artigo, analisamos a mais recente pesquisa do Ipec, além de novos dados divulgados pelo Datafolha.

Segundo o Ipec, em pesquisa realizada entre 16 e 20 de setembro, Lula (PT) lidera os cenários de primeiro turno. No mais reduzido, o ex-presidente chega a 48% das intenções totais de voto, uma vantagem de 25 pontos percentuais sobre Bolsonaro (sem partido), que alcança 23%. Em sequência aparece Ciro Gomes (PDT), com 8%, enquanto João Doria Junior (PSDB) e Luiz Henrique Mandetta (DEM) pontuam com 3%, cada.

No cenário ampliado, Lula lidera com 45%, seguido por Bolsonaro (22%), Ciro (6%), Sergio Moro (sem partido, 5%), Datena (PSL, 3%) e Doria (2%). Outros candidatos mencionados aparecem com 1% ou menos dos votos, entre eles Luiz Henrique Mandetta (DEM), Rodrigo Pacheco (DEM-MG), Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e Simone Tebet (MDB-MS).

O Ipec é mais um instituto a confirmar a possibilidade de vitória de Lula em primeiro turno, se as eleições fossem hoje. No cenário reduzido, teria cerca de 56% dos votos válidos; e no cenário ampliado, 52%. O Ipec não divulgou, até o fechamento deste artigo, as simulações de segundo turno.

De acordo com o levantamento do Ipec, o governo Bolsonaro é reprovado por 53% dos brasileiros e aprovado por 22% – enquanto 23% o consideram como regular. O instituto confirma a pesquisa Datafolha, divulgada na semana passada, e reforça a tendência de aumento da reprovação à administração de Bolsonaro. Segundo o levantamento, 69% não confiam em Bolsonaro e 68% desaprovam a maneira dele governar o Brasil.

O aumento da reprovação pode ser explicado com dados que o Datafolha vem divulgando nos últimos dias: uma alta parcela da população brasileira segue pessimista com os rumos econômicos do Brasil, especialmente quando o assunto é emprego, renda e a inflação, o grande terror dos brasileiros.

A expectativa de que a inflação aumentará nos próximos meses é de 69%, se mantendo estável se comparado a julho: 68%. Quanto aos sentimentos de que o desemprego aumentará, os dados do Datafolha se mantiveram estáveis em 54% contra 18% dos que acreditam que o desemprego diminuirá.

Em relação ao poder de compra dos salários, houve aumento em relação à pesquisa anterior de 5 pontos percentuais de 35% para 40% sobre as expectativas de que o poder de compra diminuirá nos próximos meses.

O nível de expectativa de que aumentará a corrupção no governo Bolsonaro cresceu em 5 pontos percentuais, se comparado à última pesquisa realizada em julho, de 56% para 61%. Já o nível de confiança no governo caiu de 13% para 11%.

Para 50% dos entrevistados, Bolsonaro pode tentar dar um golpe. De acordo com o instituto, 51% dos brasileiros temem um regime ditatorial, e 70% apoiam a democracia. Temendo pela democracia, pela economia e pela própria situação, os brasileiros rejeitam cada vez mais Bolsonaro.

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