Em 6 de agosto de 2001, partia um dos gigantes da literatura brasileira: Jorge Leal Amado de Faria, o nosso Jorge Amado.  Autor de 49 livros, escritor com mais adaptações de seus romances, crônicas e fábulas, Jorge foi um dos autores de maior sucesso de vendas e de reedições da história da literatura nacional. Profundamente comprometido com as causas do povo brasileiro, baiano de nascimento, foi deputado federal eleito pelo Partido Comunista Brasileiro na Assembleia Constituinte de 1946, representando o estado de São Paulo.

Ao ter o mandato cassado, junto com os demais membros do PCB, Jorge envereda de vez pelo caminho das letras. E produzindo sucessos, como “Gabriela Cravo e Canela”, “Dona Flor e seus dois maridos”, “Tenda dos Milagres”, entre tantos outros. Escritor prolífico, torna-se o autor brasileiro com mais adaptações de sua obra para o cinema, teatro e televisão. Sendo ainda o autor brasileiro com o maior número de versões traduzidas em mais de 80 países.

Jorge Amado também era bacharel em Direito pela antiga Universidade do Brasil, atual UFRJ, sem, entretanto, vir a exercer a profissão. Amigo e parceiro de Dorival Caymmi, compôs em parceria com o músico, a letra de “Retirantes”: “Vida de negro é difícil, é difícil como o quê. Eu quero morrer na noite, na tocaia me matar. Eu quero morrer de açoite se tu, negra, me deixar… Meu amor, eu vou-me embora, nessa terra vou morrer. Um dia não vou mais ver, nunca mais eu te ver…” Essa canção foi tema da novela “Escrava Isaura”, interpretada por Lucélia Santos na TV Globo.

Bastante premiado ao longo da carreira, Jorge foi membro correspondente da Academia de Letras da Alemanha, da Academia das Ciências de Lisboa; das academias Baiana e Paulista de Letras, sendo eleito em abril de 1961, para ocupar a cadeira 23, cujo patrono é José de Alencar, na Academia Brasileira de Letras. Doutor Honoris Causa por mais de uma dezena de universidades no Brasil, Itália, Israel e Portugal, Jorge ainda recebeu o mesmo título pela Universidade da Sorbonne, na França.

Espirituoso, solidário e bem humorado com os amigos e colegas ao longo da vida, ele escreveu o livro “Farda, fardão, camisola de dormir”, onde reconstitui o Brasil da década de 1940, as entranhas de elite decadente, entremeada com uma eleição para a ABL.

Reconhecido pela imensa contribuição dada à cultura brasileira, Jorge Amado foi tema de enredo de escolas de samba e blocos carnavalescos, incontáveis vezes. Perseguido pela ditadura do Estado Novo e pelo governo do Marechal Dutra, exilou-se na Argentina e no Uruguai nos anos 1941 e 1942, e em Paris, Praga e Moscou, entre 1948 e 1952.

Afastou-se da militância do PCB em 1956, depois de apresentado o relatório de Nikita Kruschev, no 20º Congresso do PCUS, onde foi desmascarado o período das perseguições à camaradas do próprio partido. Afastado organicamente do PCB, Jorge se manteve como defensor dois ideais socialistas. E, por isso, foi boicotado e monitorado pelos órgãos de segurança da ditadura militar instaurada em 1964.

Entre suas obras mais laureadas, figuram os romances “Capitães de Areia”, “Tieta do Agreste”, “A Morte e a morte de Quincas Berro D’água”, todos com seguidas traduções pelos quatro cantos do mundo. Hoje, em Salvador funciona a Fundação Casa de Jorge Amado, um importante centro cultural e de resgate das obras desse escritor universal. •

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