A semana na história – 4 a 10 de junho
7 de junho de 1937
‘MACEDADA’ LIBERTA 300 PRESOS POLÍTICOS
José Macedo Soares, ministro da Justiça há apenas quatro dias, ordena a imediata libertação de 300 presos políticos do levante comunista de 1935 que se encontravam sem processo formado. O estado de guerra, declarado por Getúlio em dezembro de 1935, também foi finalmente revogado, o que tornava ilegal manter pessoas encarceradas sem justificativas, provas, processos ou julgamento.
6 de junho de 1964
CASSADO, JUSCELINO PARTE PARA O EXÍLIO
É cassado o mandato do senador Juscelino Kubitschek (PSD-GO) juntamente com outros 39 políticos. O ex-presidente JK era aliado de João Goulart, mas se distanciou dele às vésperas do golpe. Votou na eleição indireta de Castelo Branco e sua expectativa era a de disputar a eleição presidencial prevista para outubro de 1965. A suspensão dos direitos políticos do ex-presidente, contra quem não pesavam acusações de subversão, foi anunciada no programa radiofônico oficial “A Voz do Brasil”. Surpreendido, JK tornou-se alvo de Inquéritos Policiais Militares (IPMs) conduzidos por coronéis que vasculharam suas finanças e as de empresários ligados a ele. Uma semana depois de cassado, JK embarcou para o exílio na França, de onde retornaria somente em outubro do ano seguinte.
6 de junho de 1966
PRESTES RECEBE PENA DE 14 ANOS DE PRISÃO
Vivendo na clandestinidade e julgado à revelia, Luís Carlos Prestes, secretário-geral do Partido Comunista Brasileiro (PCB), é condenado a 14 anos de prisão. O processo baseou-se em dezenas de cadernetas com anotações sobre atividades do PCB apreendidas no ano anterior pela polícia de São Paulo em uma das casas em que morou.
4 de junho de 1977
PRISÃO DE 300 IMPEDE ENCONTRO PELA UNE
A ditadura impede a realização do 3° Encontro Nacional dos Estudantes (ENE) em Belo Horizonte. Na pauta da reunião estava a recriação da União Nacional dos Estudantes (UNE), declarada ilegal desde o Golpe de 1964. A polícia impediu o acesso dos ônibus com caravanas de todo o país na entrada da capital mineira. O Exército cercou o local do encontro, na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Sob ameaça de violenta invasão do campus, cerca de 300 estudantes se entregaram. Foram presos e enquadrados na Lei de Segurança Nacional.
6 de junho de 1977
ESTUDANTES DA UNB DESAFIAM O REGIME
Na UnB, reina como reitor em 1977 um preposto da ditadura, o autoritário capitão-de-mar-e-guerra José Carlos Azevedo. A universidade, considerada um centro de resistência ao regime, já havia sofrido três invasões desde o Golpe de 1964 e tivera um de seus principais líderes estudantis, Honestino Guimarães, preso e desaparecido, em 1973. Em abril de 1977, o reitor suspendera 16 estudantes em represália a um ato público que havia recordado o assassinato do estudante Edson Luís pela polícia em 1968, no Rio. Os alunos tentaram inutilmente negociar a suspensão das punições e entraram em greve no final de maio. Em junho, Azevedo pede nova invasão do campus, efetuada pela PM e os fuzileiros navais. Agentes do SNI são infiltrados para espionar o movimento. A greve continua, sob o lema “põe o capitão na rua”. Parlamentares de oposição, a igreja católica, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e outras organizações da sociedade se solidarizam com os estudantes. A ocupação duraria três meses. Dezenas de estudantes foram presos e processados com base na Lei de Segurança Nacional. Sessenta e quatro foram suspensos e 34, expulsos.
7 de junho de 1977
JORNALISTAS EXIGEM O FIM DA CENSURA
A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) divulga manifesto contra a censura, assinado por quase 3 mil jornalistas. É o mais explícito documento em favor da liberdade de imprensa desde o golpe de 1964. “Nós jornalistas manifestamos nossa disposição de lutar contra a censura e todas as formas de restrição à liberdade de expressão e informação; e firmamos nossa posição, contrária à manutenção dos atos de exceção que impedem o livre exercício da nossa profissão e, com isso, sufocam o debate e a participação consciente da população”, dizia o manifesto.
10 de junho de 1980
GOVERNO DERRUBA O VELHO PRÉDIO DA UNE
Cerca de 500 policiais militares reprimem com bombas e cassetetes manifestação contra a demolição do prédio histórico da UNE no Flamengo, no Rio. Meses antes, a nova direção da UNE, eleita em 1979, anunciou a restauração da antiga sede, incendiada em 1º de abril de 1964, quando era o centro da resistência ao golpe. A decisão de demolir o prédio, que pertencia ao patrimônio da União, foi tomada depois do anúncio de que os estudantes voltariam ao Flamengo.
5 de junho de 2003
MINISTRO NEGRO QUEBRA TABU NO STF
Sessenta e seis anos após o último afrodescendente ocupar uma cadeira no Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente Lula nomeia o advogado Joaquim Benedito Barbosa Gomes ministro da mais alta corte nacional. A indicação de Barbosa — filho de um pedreiro e de uma dona de casa — constitui importante marco de inclusão racial no Judiciário, ainda dominado, em suas diversas instâncias, por homens brancos da elite socioeconômica brasileira.
4 de junho de 2007
TRANSPOSIÇÃO DO SÃO FRANCISCO SAI DO PAPEL
O Batalhão de Engenharia do Exército inicia as obras de construção do Projeto de Integração do Rio São Francisco para dar segurança hídrica a 12 milhões de nordestinos, em 390 municípios de Pernambuco, Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte. O projeto consiste na alteração do curso de pequena parte da vazão do rio, o que deverá perenizar mais de mil quilômetros de cursos d’água na região. Para tanto, 800 famílias precisaram ser transferidas para vilas produtivas.
Esta publicação é fruto da parceria entre o Centro Sérgio Buarque de Holanda, da FPA, e o Memorial da Democracia. Os textos remetem a um calendário de eventos e personalidades da esquerda que é colaborativo e está em constante atualização. Envie suas sugestões por e-mail para [email protected]