O estudo do IBGE mostra que, dos 54 milhões de brasileiros que vivem com até meio salário mínimo, 77,1% são negros ou pardos.
O índice não surpreende o movimento negro. Pelo contrário: esse número confirma as informações contidas no caderno temático de Combate ao Racismo, que é parte integrante do programa de governo de Lula.
“Para nós é uma constatação dolorida, já que a sociedade brasileira melhorou em muitos aspectos, mas paralisou na questão racial”, afirma o secretário nacional de Combate ao Racismo do PT, Martvs Chagas. Para ele, o estudo reflete o que várias entidades já defendem: “É preciso tratar os diferentes de forma diferente”.
O levantamento do IBGE mostra que, além de raça, a pobreza tem sexo: quando se analisam os dados referentes às famílias brasileiras de mulheres responsáveis pelo lar e que ganham até meio salário mínimo, observa-se que 64% delas são negras ou pardas. Em contrapartida, nas famílias com pessoas que ganham mais de dois salários mínimos, 23% não possuem domicílios com condições adequadas de saneamento. “As mulheres negras são as mais atingidas pelas desigualdades. Elas estão na base da base da pirâmide social”, comenta Martvs.
Porém, o secretário do PT está otimista com a possibilidade de o governo Lula alterar essas desigualdades. “Temos que garantir que essas políticas defendidas por nós sejam aplicadas. O desafio é apresentar à sociedade brasileira números diferenciados ao final do governo Lula”, conclui.
Fonte: PT Notícias, nº 124, dezembro de 2002, p. 02. Acervo: CSBH/FPA.
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