Flávio Jorge R. da Silva
Secretário Nacional de Combate ao Racismo
Em São Paulo, principal centro político e econômico do País, foi eleito um negro, Celso Pitta, um discípulo do malufismo. Uma eleição que pode significar um novo tratamento da questão racial pelos setores dominantes e um refinamento do racismo brasileiro que, não podemos negar, tem sido eficiente em seus objetivos – vide as desvantagens e as desigualdades de oportunidades e tratamento a que está submetida a maioria da população negra.
São notórias as intenções, no cotidiano de nossas vidas, na política, na produção cultural e na mídia, de transformação da consciência e da cultura negra em uma mercadoria, com a seleção de grupos e indivíduos colocados como vencedores e modelos.
Os comentários preconceituosos e racistas dirigidos à nossa senadora Benedita da Silva por Pio Guerra Júnior, recém eleito presidente do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), são indicadores de uma sociedade ainda permeada pelas relações senhoriais, de exclusão e violação de direitos fundamentais de mais da metade de sua população.
Apesar dos avanços no plano jurídico-institucional e dos nossos esforços de organização e ação política, o Brasil continua sendo um país racista!
No 20 de novembro passado, Dia Nacional da Consciência Negra, comemoramos o primeiro aniversário de uma das maiores manifestações contra a discriminação racial já realizada no Brasil – a Marcha Contra o Racismo pela Igualdade e a Vida, que em 20 de novembro de 1995, nos 300 anos de Zumbi, reuniu em Brasília cerca de 30 mil pessoas de várias partes do País. Seu êxito só foi possível pela compreensão de seus organizadores quanto à necessidade de se construir uma ação unificada que envolvesse vários setores, numa ampliação das frentes de luta contra o racismo. Um exemplo a ser seguido, para nos contrapormos a esse momento, aparentemente, repito, adverso.
Acompanhe nos próximos números do PT Notícias novas informações sobre o Combate ao Racismo em Movimento!
Fonte: PT Notícias, nº 28, dezembro de 1996, p. 01. Acervo: CSBH/FPA.
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