Ex-ministro da Secretaria de Direitos Humanos (SDH), e membro da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA), Paulo Vannuchi, participou do entrevistaFPA

 

O convidado do entrevistaFPA desta sexta-feira, 1, foi o ex-ministro da Secretaria de Direitos Humanos (SDH), e membro da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA), Paulo Vannuchi, entrevistado pelo presidente da Fundação Perseu Abramo (FPA), Marcio Pochmann.

Sentindo-se em casa, segundo afirmou, Vannuchi, que também é diretor do Instituto Lula, reafirmou suas posições sobre ação da polícia, direitos das mulheres e LGBTs, sua presença na OEA chegando até ao polêmico tema das biografias, censura e liberdade de expressão.

A primeira colocação de Vannuchi foi justamente sobre a necessária democratização dos meios de comunicação. Ele fez um balanço dos monopólios e o quanto isso é prejudicial para avançar a democracia no país. Também dedicou parte de sua fala voltada para a necessidade de se repensar o socialismo. Segundo ele, “os temas do socialismo são os temas da democracia”.

Vannuchi expôs que “não é possível sustentar que o Brasil é conservador em todo seu âmbito e que Lula representa o momento da igualdade, inclusão social”, sem os quais é impossível discutir direitos humanos. “Nestes últimos onze anos as reformas implementadas têm conseguido avançar. Estamos vivendo uma revolução democrática e com os resultados do Bolsa Família não podemos dizer que o Brasil é conservador”. Mas ele tem um grande preocupação: a chegada do século 21 ainda não afastou possibilidades de retrocessos.

"OEA precisa rever seus erros históricos", afirma Vannuchi

Durante a entrevista, Vannuchi respondeu questões de internautas

Sobre sua eleição para a comissão de direitos humanos da OEA, Vannuchi falou que serão tarefas com problemas iguais ou maiores aos nossos, mas que a Organização precisa atuar de forma diferenciada, rever seus erros históricos e inclusive debater quais são os critérios de igualdade. “Quando Cuba e Venezuela são questionadas, devemos ter em mente que a OEA precisa rever seus posicionamentos. Como vamos medir quais países tem mais problemas de diretos humanos? A partir de quais critérios? Porque aqui no Brasil, lutamos contra a fome como forma de fazer valer os direitos humanos”, declarou.

Para comentar as perguntas que foram enviadas sobre a violência policial, Vannuchi afirmou que “estamos avançando mas é preciso dizer que temos o caso Amarildo, por exemplo”. Nosso convidado fez um apanhado histórico da formação da polícia e foi categórico: “cultura policial é violenta em todo o mundo”. E defendeu que há uma nova  polícia nascendo e não podemos deixá-la ligada aos métodos da ditadura. Para ele, é preciso “construir uma polícia voltada para o direto a vida”.

Violência é uma prática primitiva que nunca deve ser usada, nas palavras do entrevistado. E relembrou que pessoas como Paulo Maluf fizeram surgir a ideia de que direitos humanos é coisa de bandido, “mas vamos mudar isso com solidariedade e igualdade”.

Finalizando a entrevista de mais de uma hora de duração, o ex-ministro comentou a polêmica que ronda o direito a biografias, tolerância e intolerância. Para ele, o que Chico ou Caetano apontaram “mostra que há um problema mas que não pode ser resolvido com censura. Não vamos poder fazer a biografia de torturadores? Zé Dirceu foi vítima de biografia mentirosa mas mesmo assim defende o direito a liberdade de expressão”. Citou o “filósofo” Lula, que aposta no caminho do meio, já que a verdade não é uma só”

Esta foi a oitava edição do Programa entrevistaFPA que já contou a participação do economista João Sicsú, do ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, o professor Reginaldo Carmelo de Moraes, o sociólogo Jean Tible, o diretor do Instituto Lula, Luiz Dulci, e Rosane Bertotti, da CUT. Para acompanhar os programas, visite nosso canal no youtube: http://www.youtube.com/user/FundacaoPerseuAbramo/videos