Fomos convidados, meu marido José de Oliveira Leme e eu, para participarmos do CBA que se instalava em Sorocaba/SP, em 1978. Era um pequeno grupo – 20 pessoas mais ou menos – e havia forte motivo, creio eu, para o funcionamento desse núcleo: a morte sob tortura do nosso filho Alexandre, líder estudantil, em 1973, durante a ditadura militar.

Havia também casos de prisões arbitrárias de pessoas supostamente comunistas ou pertencentes ao Partido e um exilado em Cuba.
A campanha da Anistia pareceu-me a continuação da luta de todos aqueles que a ditadura militar encerrou nas prisões, baniu da Pátria ou silenciou para sempre. O mesmo sonho, o mesmo ideal. Era por eles, por causa deles e por todos nossos irmãos brasileiros. E, declarada a Anistia, não exatamente a que desejávamos, voltaram-nos liberdades políticas perdidas, a Democracia, embora imperfeita, e voltaram ao nosso convívio nossos irmãos presos políticos e exilados políticos. Alegria e emoção imensa. A isso juntou-se também a nossa dor. Essa alegria nos foi vedada. Nosso filho jamais voltará. Os mortos e desaparecidos jamais voltarão.

 

*Egle Maria Vannuchi Leme é participante do CBA/Sorocaba/SP, mãe de Alexandre, líder estudantil assassinado sob tortura.

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