Brasil precisa por o dedo na ferida ou continuaremos desiguais, afirma Theodoro
No debate sobre Classes Sociais, economista falou sobre a questão racial e as mudanças sociais recentes, e sobre o enfrentamento do racismo no Brasil
Por Fernanda Estima
O economista Mário Lisboa Theodoro foi o convidado desta quinta-feira, 3, no ciclo de debates Classes Sociais, promovido pela Fundação Perseu Abramo (FPA) e pela Fundação Friedrich Ebert (FES). A questão racial e as mudanças sociais recentes foi o tema do nono debate da série iniciada em junho deste ano, e que contou com transmissão online exclusiva da tevêFPA.
Ex-secretário executivo da Secretaria de Políticas Públicas de Igualdade Racial (Seppir), consultor do Senado, doutor em economia pela Université Paris I – Sorbonne e pesquisador, Mário Theodoro apresentou um balanço sobre as políticas públicas implementadas nos últimos dez anos para enfrentar os desafios do racismo no Brasil.
Para Theodoro, somente no período em que era discutida a abolição, ou seja, no século 19, o tema racial foi central na sociedade brasileira. Em sua apresentação, Mário discorreu sobre o tema desde a formação do Brasil até chegar a pautas atuais, como as cotas para negros e negras nas universidades ou os altíssimos números da morte da juventude nas periferias. Segundo ele, a cada 25 minutos um jovem negro morre no Brasil.
No debate de hoje, Theodoro falou que a sociedade brasileira é desigual por causa do racismo e que para o Brasil ter igualdade é necessário aplicar “políticas sociais e de combate ao racismo” e levar adiante a reforma agrária, tributária e continuar aumentando o salário mínimo. Para ele é impossível “falar da questão democrática sem falar da questão racial”.
Jean Tible, da FES, e o convidado Mário Lisboa Theodoro
Outras sugestões vão no sentido de o país constituir de fato uma comunicação pública, atuar na educação e no mercado de trabalho: “Brasil precisa por o dedo na ferida ou continuaremos desiguais”, declarou.
A participação dos internautas gerou perguntas relativas à vinda de médicos de Cuba e a reação que surgiu, questões relacionadas às mulheres negras, morte de jovens e tortura nas delegacias, entre outros.
Classes Sociais
O ciclo sobre Classes Sociais é uma iniciativa da Fundação Perseu Abramo (FPA) e a Fundação Friedrich Ebert (FES). Foi lançada em maio deste ano e já trouxe importantes nomes da academia, gestão e do legislativo para analisar os últimos dez anos da conjuntura no país, a partir de vários enfoques.
Na semana passada, o ciclo de debates contou com a presença da urbanista e professora aposentada da FAU-USP, Ermínia Maricato, que analisou a questão do direito à cidade. Anteriormente, o Classes Sociais teve as participações do cientista político, professor da USP e jornalista, André Singer; do professor da UFJF, Jessé de Souza; os pesquisadores Gustavo Venturi e Vilma Bokany, do Núcleo de Estudos e Opinião Pública da FPA; Giuseppe Cocco, da UFRJ; a filósofa Marilena Chaui, professora aposentada da FFLCH-USP; a diretora de projetos da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República, Diana Grosner.
O presidente da Fundação Perseu Abramo, Marcio Pochmann, é o convidado para o último debate do ciclo, marcado para o dia 17 de outubro, as 9h30.
Assista o debate de hoje.
Fotos: Márcio de Marco