Eleições Municipais e Cultura: da resistência ao bolsonarismo à luta para recuperação do setor
Encontro do NAPP Cultura nesta segunda (15) traçou panorama para que o bom momento da Cultura embase discurso das candidaturas petistas
Quem acompanhou de perto o desmonte promovido pela gestão de Jair Bolsonaro, sobretudo durante a pandemia, reconhece o protagonismo da Cultura no trabalho de base em todos os cantos do país. Foram ao menos quatro anos de intensa mobilização para evitar retrocessos ainda maiores e dar sobrevida a quem atua no setor.
A vitória de Lula colocou fim a uma triste página da história do país, com iniciativas que já apresentam grandes avanços. Agora, às vésperas de mais uma disputa eleitoral, a Cultura volta ao centro do debate político e pode ser grande aliada no discurso dos candidatos e candidatas do PT e de todo campo progressista.
“A articulação política de todas as pessoas ligadas à cultura tem sido uma vitrine para o trabalho de base antes mesmo da gestão de Jair Bolsonaro. Foi o setor que esteve à frente das lutas por direitos, com resultados importantes como a Lei Aldir Blanc durante a pandemia. A medida é o resultado desse protagonismo e mostrou que era possível vencer os ataques da extrema-direita”, relembrou a produtora cultural Chris Ramirez, durante debate promovido pela Fundação Perseu Abramo (FPA) por meio do Núcleo de Acompanhamento de Políticas Públicas (NAPP) de Cultura nesta segunda (15).
Para ela, a retomada do setor tem que ser celebrada, mas sem esquecer que as lutas continuam. “As Eleições Municipais serão mais um desafio que teremos pela frente. Por isso, é preciso desde já fazer com que todos os nossos candidatos e candidatas estejam preparados para colocar a Cultura como grande aliada, principalmente na geração de emprego e renda para a população”.
O gestor cultural Rafael Fontes, também presente no debate, reiterou a importância das Eleições para confirmar esta nova fase do setor. “Esse potencial de mobilização de profissionais da Cultura pode ser uma grande oportunidade para a conquista de novas políticas públicas. Há muitas pautas a serem levantadas. O trabalho agora é fazer com que todas as candidaturas tenham o pleno domínio do que tem sido feito pelo governo federal e do que pode ser levado para os municípios”.Uma das pautas foi sugerida pelo deputado federal Washington Quaquá (PT-RJ).
“Temos que ir além da luta por leis que garantam a sobrevivência do setor. É hora de ampliar a disputa cultural para derrubar a narrativa da extrema-direita. O rapper estava certo (Mano Brown) quando disse que a esquerda estava se afastando das periferias. Nós, do PT, temos a obrigação de defender a Cultura e constituir núcleos políticos nos espaços onde ela acontece”.
José Roberto Peixe, que foi secretário do Ministério da Cultura durante o governo Dilma, fez discurso semelhante. “As Eleições Municipais serão uma grande oportunidade de ampliar as conquistas promovidas pela gestão federal. Mas cada município precisa ter o seu próprio plano cultural. Isso vai dar novos horizontes à Cultura do país por abranger toda a sua diversidade.”
O que mais disseram no debate
Tainá de Paula, vereadora no Rio de Janeiro
“O Brasil voltou. Estamos recuperando os espaços. O setor da Cultura foi o maior alvo do bolsonarismo, mas avançamos. A reconstrução é importante, mas temos que continuar a fazer o enfrentamento e coragem para não dar mais espaço o retorno da extrema-direita”
Berenice Perpétuo, Conselho Municipal de Cultura de Porto Velho (RO)
“Colocar a Cultura como centro das nossas gestões é extremamente acertado para que a gente qualifique melhor a nossa diversidade. Isso deve ser levado para os planos municipais, assim como incluir uma voz pertencente aos povos originários no debate”.