Pesquisa mostra tamanho diminuído do mercado editorial
Da Redação Focus Brasil
Apenas 16% dos brasileiros comprou pelo menos um livro nos últimos 12 meses aponta pesquisa realizada pela Câmara Brasileira do Livro
Apenas 16% dos brasileiros compraram pelo menos um livro nos últimos 12 meses. O dado é de uma pesquisa inédita realizada pela consultoria Nielsen em parceria com a Câmara Brasileira do Livro e divulgada em 07 de dezembro. Numa população estimada em 203,1 milhões (de acordo com o IBGE), 84% dos brasileiros não compram livros.
De acordo com o estudo, o mercado editorial teve ao redor de 25 milhões de consumidores de livros, entre os quais 74% têm a intenção de comprar novamente nos próximos três meses. Entre os comparadores, 69% adquiriram de 1 a 5 livros enquanto 8% compraram 16 ou mais livros no último ano. O preço do livro é a explicação fornecida pelos entrevistados para que o brasileiro consuma tão poucos exemplares de livro, físicos ou digitais.
Quer mais um dado surpreendente? Apesar de o preço ser declarado como fator impeditivo, a maioria dos consumidores de livros não está na classe C. De acordo com a coordenadora da pesquisa, a economista Mariana Bueno: “Chamo atenção que, para as classes mais altas, o livro também aparece como caro. A gente está falando de um produto que custou em média R$ 43 no ano passado. O mercado tem tentando recuperar esse preço: a Pesquisa Produção e Vendas mostra que as editoras estão tentando recuperar o preço, mas recuperar a inflação não é fácil. A perda ao longo dos anos foi muito grande, a queda foi muito significativa. Como vai sair de R$19 para R$40 de um ano para o outro? Quem está comprando, vai recusar”, afirmou em entrevista ao site Publish News.
Mesmo com a recuperação da economia e dos empregos em 2023, a percepção de que o livro é caro apareceu como constante no estudo, em todas as classes sociais. Apesar de livreiros e editores argumentarem que trabalham com margens de lucro modestas, devido às tiragens baixas, o custo de produção e de distribuição, o brasileiro unanimemente considera o livro como um produto caro. “A nossa base leitora é muito baixa, há uma capacidade leitora insuficiente. Tem questões estruturais. Mas tem questões do mercado: trabalhar a percepção de preço é um desafio urgente do mercado, mas não é fácil. A Classe A concentra o maior número de compradores por classe em termos de penetração, mas a maioria dos consumidores está na classe C, que tem restrição orçamentária”, afirmou Mariana Bueno.
A pesquisa, realizada em outubro, apontou que 55% dos compradores de livros impressos preferem comprar em plataformas online, que conseguem trabalhar com descontos muito maiores do que as livrarias físicas. 64% dos compradores de livros nas plataformas virtuais afirmam ter sido estimulados por descontos, enquanto nas lojas presenciais essa taxa fica em 43%. Os motivos citados pelos compradores como decisivos são, acima de tudo, os preços, logo seguidos por comodidades como frete grátis, velocidade de entrega e disponibilidade.
De resto, quem lê confirma tendência de outras pesquisas semelhantes: há uma ligeira predominância de mulheres, 57%, entre os 16% que afirmam ter comprado pelo menos um exemplar nos últimos 12 meses. São mulheres das classes C e B, predominantemente no Sudeste e Nordeste. 91% desses compradores de livros completaram ao menos o Ensino Médio.
Entre os fatores que influenciaram a última compra desses consumidores, aparecem em primeiro lugar, entre livros impressos: tema ou assunto, preço, título do livro e autor(a). Recomendação de amigo ou familiar ou de influenciador digital aparece em seguida. Recomendação de imprensa especializada não aparece entre os motivos que decidem a compra.