Revista de outubro fala sobre o direito à liberdade religiosa
Outubro é o mês em que se realiza a maior festa religiosa no Brasil, o Círio de Nazaré, que reúne todo ano em Belém (PA) milhões de fiéis. E a revista Reconexão Periferias propõe uma reflexão sobre o direito à liberdade religiosa, dada a ampla diversidade de crenças e organizações existentes no país, que viu crescer assustadoramente nos últimos anos a violência, o incentivo ao ódio e à intolerância.
O número de denúncias de intolerância religiosa no Brasil aumentou 106% em apenas um ano e passou de 583, em 2021, para 1,2 mil, em 2022, uma média de três por dia, de acordo com dados do Disque 100, serviço de disseminação de informações sobre direitos de grupos vulneráveis e de denúncias de violações de direitos humanos. Isso demonstra que, embora a liberdade religiosa seja prevista no artigo 5º da Constituição Federal, na prática a ampla diversidade de religiões não tem sido respeitada no país e o Estado falha em seu dever proteger e garantir a livre manifestação de todas elas.
Na Entrevista, a coordenadora da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito Nilza Valéria Zacarias Nilza Valéria Zacarias analisa o crescimento da cultura evagélica nas periferias, em especial entre as pessoas negras, e o estigma enfrentado por elas diante do preconceito. “Eu cresci vendo muita gente do movimento negro dizendo que a adesão negra à fé evangélica seria aderir à fé do opressor. E, durante muitos anos, isso me incomodou profundamente. Até que um dia eu consegui, depois de muita leitura e muito diálogo com esses negros como eu, dentro das periferias, entender que se um dia foi a religião do opressor, não é mais. Agora é a religião do oprimido, porque os oprimidos fizeram essa escolha”, diz.
O perfil apresenta o coletivo Agentes de Pastoral Negros do Brasil (APNs), que completou 40 anos de luta contra o racismo e por mais justiça social, com sua tradição macroecumênica e inter-religiosa focada em diferentes comunidades de fé. O pesquisador Edgard Aparecido Moura, conhecido como Amaral, ingressou no grupo de base do Sapopemba-SP e é um dos fundadores do cursinho popular pré-vestibular para negros carentes em São Paulo. Também atua como coordenador da Comissão Nacional de Soberania Segurança Alimentar dos APN’s. “Nós discutíamos formação ecumênica pra entender que as religiões têm de estar juntas. Ecumenismo é partilha. A gente nasce para combater o racismo a partir da fé, que é o que une os católicos, evangélicos, benzedeiras, para trazer todo mundo junto com o mesmo foco. E assim nos unimos a partir da fé”.
O artigo da consultora do projeto Reconexão Periferias Léa Marques fala sobre a uberização da categoria docente. “Em 15 de outubro celebramos o Dia do Professor no Brasil, uma data propícia para refletirmos sobre as atuais condições de trabalho da categoria, inclusive sobre como a uberização, enquanto tendência global no mercado de trabalho, se estende para esses profissionais da educação e quais os impactos dessa realidade.”
A seção de Arte apresenta a performer, musicista, compositora, arte-educadora, cocriadora e co-produtora do grupo musical Vozes Bugras Anabel Andrés. Ela lançou os álbuns Vozes Bugras e Folia. Em 2018, lançou três singles e, em 2020, o álbum solo digital Além da expansão dos desertos. Integra a equipe de São Paulo do Projeto Dandô – Circuito de Música Dércio Marques, e a Orquestra do Corpo, de percussão corporal e vocal, criada por Fernando Barba, com colaboração de Stenio Mendes.
A edição traz ainda as seções Programas, agenda e oportunidades. Boa leitura!