Nesta sexta-feira, 22 de setembro, os mais de trinta graus da temperatura apontavam a necessidade do debate que ocorreu no auditório da Fundação Perseu Abramo: o tema do livro sobre ecossocialismo, que teve seu pré-lançamento com a presença do organizador, Arlindo Rodrigues, e um dos autores Michael Löwy.

Ecossocialismo brasileiro – avanços e desafios, que a partir de agora está disponível no site da FPA, tem artigos de Fernanda Mauro Garcia, Gilmar Geraldo Mauro, Gilney Viana, José Corrêa Leite, Luiz Marques, Mariá Silva Brilhante de Medeiros, Michael Löwy, Pedro Ivo de Souza Batista, Sabrina Fernandes e organização de Suelma Ribeiro Silva e Arlindo Rodrigues.

Na presença de militantes do meio ambiente da CUT, de partidos políticos, além do diretor responsável pela editora, Carlos Henrique Árabe, Löwy e Rodrigues fizeram uma breve apresentação dos aspectos mais importantes que fazem o ecossocialismo necessário: a destruição do planeta, que avança a passos largos, e como poderemos reverter esses estragos com visões de mundo diferentes do que pregam o capitalismo, o neoliberalismo e a publicidade.

Na explicação de Löwy, “os desafios da crise ecológica e a ameaça à sobrevivência humana neste planeta são de responsabilidade do capitalismo, que vive em guerra com a natureza. Ele é o sistema econômico responsável”. Ele defende que são necessárias alternativas radicais, com a ecologia como coluna vertebral do socialismo: “o ecossocialismo é um novo projeto de vida. Se não conseguirmos, o futuro será dramático. Precisamos de ações concretas aqui e agora”.

O professor Arlindo acredita na prática do verbo ‘esperançar’. Para ele, “socialismo sem ecologia não dá conta do século 21. O caos e o colapso já começaram, por isso é preciso radicalizar a economia solidária de Paul Singer, pensar em células produtoras ecossocialistas, repensar o consumo, abrir diálogo para que os movimentos sociais e partidos atuem em conjunto”.

A atividade contou com as participações dos presentes e questões sobre consumo, produção, atuação política e reversão da crise ambiental a partir, inclusive, de iniciativas como a de hoje. Para o diretor Carlos Árabe, “nossa contribuição será apoiar a constituição de núcleos de debate e formação sobre o tema”, lembrando que após anos de destruição ambiental promovida pelo governo anterior, ainda precisaremos construir uma política pública de defesa do meio ambiente.

Após esse pré-lançamento que aproveitou a presença de Michael Löwy no Brasil, novos eventos deverão ser realizados ainda este ano para levar o tema do Ecossocialismo brasileiro – avanços e desafios adiante.

Sobre Michael Löwy

Ecossocialismo para vencer a crise ecológica do capitalismo: Michel Löwy na FPA

Löwy é cientista social formado pela USP, reside em Paris desde 1968, onde trabalhou na Université de Paris VIII, como assistente de Nicos Poulantzas. Militou na Liga Comunista Revolucionária (seção francesa da Quarta Internacional). Em sua militância, Löwy esteve constantemente atento às lutas sociais e organizações políticas de esquerda. No Brasil, pesquisou e esteve próximo das lutas camponesas do MST, do Partido dos Trabalhadores (PT) e do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL).

Autor de vários livros, traduzidos em trinta línguas. No Brasil publicou seus livros pela Civilização Brasileira, Azougue, Vozes, Xamã, Paz e Terra, Cortez e Edusp. Mais recentemente, vem publicando pela Boitempo Editorial, Fundação Perseu Abramo e Editora Expressão Popular. Pela Fundação Perseu Abramo publicou Marxismo na América Latina (edições de 1999, 2006, 2012) e O que é Cristianismo de Libertação (2016), ambos disponíveis na seção Estante do nosso portal. Mais recentemente, Michael colaborou com outros dois livros, O Renascimento de Marx – Principais conceitos e novas interpretações (organizado por Marcello Musto), uma coedição FPA e Autonomia Literária, e o livro Ecossocialismo Brasileiro – Avanços e desafios (organizado por Arlindo Rodrigues e Suelma Ribeiro), a obra que comemoramos o pré-lançamento neste dia.

Atualmente, é diretor de pesquisas emérito no Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS).