O sociólogo Jessé de Souza foi o convidado do terceiro debate sobre Classes Sociais, realizado nesta quinta (13), na sede da FPA

“A nova classe trabalhadora não é uma nova classe média, isso é uma manipulação política”, defendeu o sociólogo Jessé de Souza, em debate nesta quinta-feira (13), na sede da Fundação Perseu Abramo (FPA).

O terceiro debate, de uma série de nove, sobre Classes Sociais, é uma parceria entre a FPA e a e a Fundação Friedrich Ebert (FES), e teve como base a obra Os batalhadores brasileiros: nova classe média ou nova classe trabalhadora?, de autoria de Souza, que mostra as profundas transformações que a sociedade brasileira vivenciou nos últimos dez anos.

Instigado pelo público presente e que acompanhava pela internet, o sociólogo fez duras críticas ao debate feito hoje sobre a “nova” classe média: “A classe média representa o espírito enquanto a classe trabalhadora é o corpo. Uma é explorada racionalmente, outra fisicamente”.

Participante do Grupo de Conjuntura da FPA, a filósofa Marilena Chauí indagou Souza sobre a relação entre essa “nova” classe e o capital: “É possível falar em nova classe trabalhadora e nova classe média com o novo processo de acumulação de capital?”. Para Souza, “a nova classe trabalhadora é um fenômeno mundial, produto de um capitalismo financeiro global, vivendo para o consumo”. Outro integrante do Grupo de Conjuntura da FPA, Wladimir Pomar foi taxativo: “Muitas vezes a classe trabalhadora não tem plena consciência dos seus próprios problemas”.

Pelo twitter

Em cobertura pelas redes sociais, a comunicação da FPA destacou os seguintes momentos da fala do sociólogo:

“A nova classe trabalhadora é um fenômeno mundial, produto de um capitalismo financeiro global, vivendo para o consumo”;

“Todo ser humano tem o direito de legitimar a vida social que leva, e isso é simbólico para entendermos o capitalismo atual”;

“Dignidade não é só ser gentil, é um valor que permeia todas as relações na sociedade”;

“Somos uma sociedade que se pensa de diferentes modos, mas não pensamos sobre uma classe que representa 1/3 dos brasileiros”;

“Temos o hábito de pensar todas as classes a partir da perspectiva da classe média, e de certa forma o marxismo também faz isso”;

“Em todas as democracias modernas existe o mito de que o mérito não é dado, é merecido. Sem legitimação não há dominação”.

Ciclo de debates

O ciclo já recebeu as contribuições do cientista político, professor da Universidade de São Paulo (USP) e jornalista Andre Singer, que debateu o Lulismo e seus aspectos para o desenvolvimento das classes sociais no Brasil, e de Gustavo Venturi e Vilma Bokany, que apresentaram os resultados da pesquisa, inédita, “Estratos sociais emergentes e cultura política”, produzida pelo Núcleo de Pesquisas e Opinião Pública da FPA.

Os encontros não são abertos ao público, mas todos são transmitidos ao vivo pela internet, por meio do portal da Fundação Perseu Abramo.

Próximo debate

Convidado: Giuseppe Cocco (UFRJ)

Data: dia 27 de junho

Hora: 9h30

Transmissão online: www.fpabramo.org.br