A Fundação Perseu Abramo realizará o lançamento do livro Economia para transformação social. No dia 15 de junho, em São Paulo, com a presença dos autores, Juliane Furno e Pedro Rossi, e a participação de Paulo Okamoto, presidente da Fundação Perseu Abramo, e do diretor de formação Jorge Bittar e do economista Luiz Gonzaga Belluzzo.

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O livro Economia para a transformação social foi escrito com o objetivo de tornar os conteúdos da economia mais acessíveis, relacionando conceitos com os problemas específicos desta época. Trata-se um livro profundo e ao mesmo tempo didático na forma em que expõe conceitos complexos.

O livro está organizado em quatro partes. A primeira parte, denominada Tópicos teóricos e conceituais, tem por objetivo apresentar conceitos fundamentais para a compreensão do restante da obra. Examinam-se a origem do dinheiro, o papel dos bancos e, por meio do modelo simples de fluxo circular da atividade econômica, a maneira pela qual indivíduos e empresas interagem na economia. Os autores demonstram os equívocos das abordagens clássicas e neoclássicas para sobre a organização econômica capitalista e, a partir de Marx e Keynes, são apresentadas as contribuições destes para uma compreensão do sistema capitalista e do papel do Estado nas crises econômicas. Marx insistia que deveríamos entender as crises realizando um exame da dinâmica interna do capitalismo. O avanço da crítica ao liberalismo trouxe novamente para o centro temas com o desenvolvimento e o subdesenvolvimento, a questão nacional e a natureza das relações com o resto do mundo, assim com o papel do Estado na economia.

A segunda parte, que trata das Transformações do capitalismo global e o mundo pós-pandemia, examina a especificidade da experiência inglesa, como o processo de acumulação primitiva se apoiava na força do Estado e como esse processo desemboca na primeira revolução industrial e inaugura a fase de dominância do capitalismo concorrencial. Nesse processo, países como Estados Unidos, Alemanha, França, entre outros, completam seus processos de industrialização. Na etapa monopolista, ao deterem o monopólio das inovações tecnológicas e da organização financeira com relativa autonomia, mostra capacidade de difusão pelo mundo, mas essa difusão não resulta na incorporação de outros países nas mesmas condições. A singularidade do processo de industrialização brasileira é marcada por avanços simultâneos no processo de industrialização em etapas superiores, exigindo negociações que envolviam a dinâmica das multinacionais, capital privado e empresas estatais, ou seja, ingressou-se na era industrial quando as bases técnicas e financeiras já eram relativamente complexas.

A terceira parte trata do tema do Subdesenvolvimento, neoliberalismo e transformação social do Brasil. Como chama atenção Baltar (2003), ao longo do século XX, os governos brasileiros direcionaram suas forças para viabilizar a industrialização, deixando em segundo plano a tarefa civilizatória de organizar o trabalho e um sistema de proteção social – até porque, em grande medida, a informalidade era funcional à dinâmica de acumulação da estratégia de modernização conservadora. Com a grave crise da dívida externa que solapou o processo de industrialização brasileiro, despontam crescentemente no Brasil os limites do capitalismo periférico, um sistema intrinsecamente disfuncional e propenso a crises, incapaz de gerar empregos e bem-estar social para toda a sociedade. Entre 2004-2014, os indicadores de uma forma geral melhoraram significativamente, contudo, os avanços neste período não estiveram assentados numa correspondente transformação da estrutura produtiva e por isso foram insuficientes para organizar o mercado de trabalho brasileiro. Com o choque recessivo de 2015-2016 e a guinada neoliberal, essas tendências regressivas se aprofundaram de forma dramática.

A quarta parte aborda o tema Mitos econômicos e o debate brasileiro. Trata de desmistificar mitos sobre o excesso de gastos públicos, os efeitos do aumento das taxas de juros para desacelerar a inflação. Desde o golpe em 2016, o debate público brasileiro passou a ser dominado pelo discurso e pela prática da austeridade econômica, que pode ser definida como uma política de ajuste da economia fundada na redução dos gastos públicos e no papel do Estado em suas funções de gerador do crescimento econômico e promotor do bem-estar social. Para um setor da sociedade, em contextos de crise econômica e aumento da dívida pública, a austeridade é apresentada como a saída necessária e constitui a base da defesa de reformas estruturais que visam reformular a atuação do Estado. É com essa visão que foi conduzida a política econômica entre 2017 e 2022. Nos anos 2000 a sociedade brasileira alcançou progressos econômicos e sociais notáveis. Houve mudanças nas condições de vida de parcela significativa da sociedade discriminada e excluída historicamente do acesso a bens e serviços públicos. O impulsionador dessas mudanças foram as políticas públicas de inclusão social que promoveram um enfrentamento à pobreza e à desigualdade social e resgataram à condição de cidadania milhões de mulheres e homens. Essas políticas estão sendo retomadas em 2023, e o Brasil volta a assegurar dignidade e direitos a milhões de brasileiros.

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