De 1973 a 1977: Da morte de Alexandre Vannucchi à criação dos CBAs

1973

17/3/73 – Morte sob tortura nas dependências do Doi-Codi, do estudante de Geologia da USP, Alexandre Vannucchi Leme

30/3/73 – Missa celebrada por D. Paulo Evaristo Arns na Catedral da Sé em São Paulo, em homenagem a Alexandre Vannucchi Leme

4/9/73 – MDB indica candidatos de oposição à presidência da República: Ulysses Guimarães e Barbosa Lima Sobrinho

1974

15/1/74 – Ernesto Geisel eleito indiretamente pelo Congresso para a Presidência da República. Assume em 15/3/74

2º semestre de 1974 – Na campanha eleitoral, figura, na plataforma de vários candidatos do MDB, a questão da Anistia

15/11/74 – Expressiva vitória da oposição nas eleições parlamentares. MDB elege 335 deputados estaduais, 160 deputados federais e vários senadores.

1975

15/3/75 – Criado, em São Paulo o Movimento Feminino pela Anistia presidido por Therezinha Zerbini; a tese da Anistia foi apresentada e aprovada no Congresso Mundial da Mulher (1975) realizado no México. Cresce no Exterior o número de comitês pela anistia aos presos políticos no Brasil.

setembro, outubro – Prisão de vários jornalistas acusados de envolvimento com o PCB

25/10/75 – Morte sob tortura de Vladimir Herzog, jornalista, diretor da TV Cultura, no Doi-Codi de São Paulo. Jornalistas se mobilizam (abaixo assinado com 1004 assinaturas) para contestar a versão oficial de suicídio de Vlado imposta pela repressão. Grande repercussão em todo o país e no Exterior

31/10/75 – Culto ecumênico na Catedral da Sé, que se transformou em ato público de protesto pela morte de Vladimir Herzog.

1976

janeiro – Proposta, em reunião nacional de estudantes em Campinas, a criação de Campanha Nacional de Luta por Liberdades Democráticas

06/01/76 – O documento contestando a versão oficial sobre a morte de Vlado é encaminhado ao Sindicato dos Jornalistas, para ser remetido à Justiça

16/1/76 – Morte, no Doi-Codi, de Manuel Fiel Filho, operário metalúrgico; as autoridades repetem a versão de suicídio, logo desmascarada

17/1/76 – Presidente Geisel demite do comando do II Exército o general Ednardo d’Ávila Mello, logo que é informado da morte de Manoel Fiel Filho
durante o ano – várias cassações

8/03/1976 – publicação de dossiê pelo Comitê Pró-Amnistia Geral no Brasil, de Lisboa

maio de 1976 – criação do DCE Livre da Universidade de São Paulo (proibido pelas autoridades) em assembléia geral dos universitários

14/4/76 – Morte de Zuzu Angel, estilista carioca que ficou conhecida pela sua coragem e firmeza em denunciar a tortura, morte e ocultação de cadáver de seu filho, Stuart Angel, pelos agentes da repressão. Essa morte deu-se em acidente de automóvel, em circunstâncias muito estranhas, que jamais foram esclarecidas.

Julho de 1976 – Na 28a Reunião Anual da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), em Brasília é entusiasticamente aplaudida, e aprovada, moção pela Anistia

19/8/76 – Bombas na Associação Brasileira de Imprensa e na Ordem dos Advogados do Brasil , Rio de Janeiro

4/9/76 – Bomba no Cebrap, São Paulo

22/9/76 – Seqüestro e espancamento do bispo Adriano Hipólito, de Nova Iguaçu-RJ

novembro de 1976 – Publicação pela Editora Arcádia, Lisboa, da 1ª ediçao do livro, que só pôde entrar clandestinamente no Brasil, Memórias do Exílio – Brasil 1964-19?? – Obra Coletiva.

6/12/76 – Bomba contra Editora Civilização Brasileira, Rio de Janeiro

10/12/76 – "Chacina da Lapa" – II Exército invade sede do PC do B na Lapa, mata Pedro Pomar, Ângelo Arroyo e João Baptista Franco Drummond e prende os demais participantes da reunião.

1977

1977 – A palavra de ordem pela Anistia ganha as ruas, através do movimento estudantil e dos movimentos populares, dos quais um dos mais importantes foi o Movimento contra a Carestia.
– durante o ano, continuam as cassações de parlamentares. Renúncias dentro do governo, dentre as quais a do Ministro Severo Gomes

março/77 – Relatório do Governo dos Estados Unidos denuncia violações dos direitos humanos no Brasil

30/3/77 – Em São Paulo, primeira manifestação estudantil fora do campus; passeata (5.000 estudantes) seguiu do campus da USP até o Largo de Pinheiros sob vigilância de forte aparato policial

3/5/77 – Assembléia geral de estudantes na PUC/SP. Criado o Comitê de Anistia Primeiro de Maio

5/5/77 – Concentração de estudantes no Largo de S. Francisco (10.000 pessoas); passeata até o Viaduto do Chá, onde quase se inicia uma batalha com o forte aparato montado pela repressão

19/5/77 – Concentração de estudantes (8.000 pessoas nos jardins da Faculdade de Medicina e outras 2.000 no Largo de S. Francisco). Passeata da praça do Correio até a Consolação e manifestações-relâmpago dão início à Jornada Nacional de Luta pela Anistia

junho de 1977 – Criação em São Paulo da Comissão de Mães em Defesa dos Direitos Humanos/SP

4/6/77 – Tentativa de realização do III Encontro Nacional de Estudantes em Belo Horizonte. Prisão de mais de 400 estudantes, delegados eleitos em todo o País

11/08/77 – Ato público no Largo São Francisco, quando foi lida, sob as Arcadas da Faculdade de Direito, a Carta aos Brasileiros, elaborada pelo professor Goffredo da Silva Telles.

18/9/77 – Ato realizado na igreja da Penha pelo Movimento " Justiça e Libertação", contra as ameaças de prisão e expulsão de religiosos

22/9/77 – Estudantes driblam a proibição das autoridades e realizam, na PUC/SP o seu III Encontro Nacional

22/9/77 – Invasão da PUC/SP, como represália da polícia, comandada pelo Cel Erasmo Dias, contra a realização do III Encontro Nacional de Estudantes. 2.000 estudantes detidos; vários feridos. Cinco moças gravemente queimadas por bombas de "efeito moral"

24/11/1977- publicação do relatório Sylvio Frota, em que são apontados, como subversivos, 97 funcionários públicos federais e estaduais (O Estado de S.Paulo e Jornal do Brasil)