EFPA participa da 2ª Feira de Livros sobre a Resistência Política em S.PauloA Editora Fundação Perseu Abramo (EFPA) participará da 2ª Feira de Livros sobre a Resistência Política, que será realizada no próximo sábado (01/12) no Memorial da Resistência de São Paulo. Outras editoras parceiras e vários autores também estarão presentes para divulgação de livros referentes à ditadura civil militar 1964-1985.

Na parte da manhã, a partir da 10h, será realizada uma mesa redonda sobre o tema “O “O papel do Jornalismo investigativo no processo de conhecimento da Verdade”, com a participação dos jornalistas Mário Magalhães, autor de Marighella – O Guerrilheiro que Incendiou o Mundo, e Leonêncio Nossa, autor de Mata! – O Major Curió e as Guerrilhas do Araguaia. O debate com o público será intermediado pelo jornalista Milton Bellintani, do Núcleo Memória, organizadora da Feira. Mais informações no site do Núcleo de Memória: www.nucleomemoria.org.br

 

Títulos da EFPA sobre a temática da ditadura civil-militar

Dos filhos deste solo – Mortos e desaparecidos políticos durante a ditadura militar – a responsabilidade do Estado
Nilmário Miranda e Carlos Tibúrcio, Editora Fundação Perseu Abramo e Boitempo Editorial, 2ª edição ampliada e revisada, 2008, 712 páginas

Este livro, publicado pela primeira vez em 1999, é um dossiê que resgata as histórias de militantes das organizações de esquerda e de outras pessoas mortas ou desaparecidas durante a ditadura militar. Resultado dos trabalhos da comissão especial sobre mortos e desaparecidos políticos, instalada em 1995, Dos filhos deste solo descreve as circunstâncias das mortes/desaparecimentos de militantes de esquerda com informações coletadas com parentes, confrontadas com documentos oficiais – laudos, atestados e relatórios policiais.

Os casos estão agrupados em ordem cronológica e com a ligação dos militantes com as organizações de esquerdas que denominam os capítulos. Nesta segunda edição, alguns casos foram ampliados e os autores acrescentaram as mudanças na lei 9140/95 (na qual o Estado brasileiro reconhece a responsabilidade nos desaparecimentos) e a constituição da Comissão de Anistia em 2002.

“Os horrores, não cabe aqui esmiuçá-los: estão todos lá. Trata-se de um inestimável serviço prestado à causa da democracia e dos direitos humanos. Deixa ainda explícito como aquele equívoco histórico e derrota das oposições que se chamou, sardonicamente ao que parece, ‘anistia mútua’, na verdade deixou aberta uma chaga insanável no tecido social brasileiro.” – resenha de Walnice Nogueira Galvão para a revista Teoria e Debate nº43 (maio de 2000)

 

O massacre na Lapa – Como o exército liquidou o Comitê Central do PcdoB, São Paulo, 1976
Pedro Estevam da Rocha Pomar, 3ª edição, 2006,  192 páginas

O livro descreve detalhadamente a execução de dirigentes do PCdoB em 1976 em uma operação armada pelo Exército com a participação dos agentes do DOI-Codi. Esta é a terceira edição, que marca os 30 anos do massacre. Os fatos ali descritos e denunciados mantêm sua atualidade.

Na “Nota à 3ª edição”, Pomar aponta ser preocupante o tratamento dado à questão dos arquivos da repressão política no período. Para o jornalista “a abertura dos arquivos militares contribuirá decisivamente para que se conheça por inteiro o que se passou em episódios como o da Lapa e tantos outros, e se faça justiça, em homenagem à memória dos que tombaram na luta contra a opressão”.

 

A imagem e o gesto – Fotobiografia de Carlos Marighella
Vladimir Sacchetta, Marcia Camargos e  Gilberto Maringoni,  1ª edição, 1996, 64 páginas

Este livro é um álbum de retratos que conta a vida e a militância de Carlos Marighella, desde Salvador, na década de 1930, até sua morte em uma emboscada armada pelo DOI Codi em São Paulo em 1969. Os autores resgataram fotos pessoais e de arquivos, além de manuscritos e documentos, que registram o engajamento de Marighella com a luta contra as desigualdades em todos os níveis.

“Nossa vocação no Brasil é a liberdade e não isso que aí está. Para que haja liberdade, é preciso lutar. A luta pela liberdade não se pode fazer por meios suasórios, quando os monstros da ditadura militar estão armados até os dentes e empregam sem dó nem contemplação a violência contra o povo. Com os que me acompanham, verifiquei não existir outra saída senão a luta armada”, carta de Marighella a Dom Helder Camara, agosto de 1969, reproduzida no A imagem e o gesto.

 

Uma vida de lutas – Renée de Carvalho
Marly de Almeida Gomes Vianna, René Louis de Carvalho e Ramón Peña Castro (Orgs.), 2012, 240 páginas

Neste livro, Renée de Carvalho resgata a angústia de ter seu companheiro de vida e luta Apolônio de Carvalho, seus filhos Renée e Raul, presos e torturados entre 1969 e 1970.  Ao descrever a jornada em busca de informações sobre seus familiares, as incertezas, Renée diz que foi uma rotina de desespero.  “Um dia encontrei no escritório uma pessoa que tinha sido presa e me contou um pouco da prisão do Apolônio, da tortura por ele sofrida. (…)Apolônio apanhou tanto, que era para morrer! Os torturadores tinham uma palmatória de uma borracha muito dura e, entre outras barbaridades, quebraram uma nas costas do Apolônio”, relata em um trecho do livro.

 

Poemas do Povo da Noite
TIERRA, Pedro , 2009, 247 páginas
Reeditado por ocasião dos 30 anos na Anistia, o livro nasceu nos cárceres brasileiros das mãos e do coração de um sobrevivente, Hamilton Pereira da Silva, sob o pseudônimo Pedro Tierra. Escrita em centros de detenção e tortura e nos presídios que receberam prisioneiros políticos nos piores anos da ditadura militar, a obra traz poemas lidos e declamados em reuniões e atos dos movimentos pela Anistia política e pela democracia. Coedição com a Publisher Brasil.

 

Sobre o contexto histórico das décadas de 1960 a 1980

Pela democracia, contra o arbítrio
Zilah W. Abramo e Flamarion Maués (Orgs.),  2006, 480 páginas

Coletânea organizada por Zilah Abramo e Flamarion Maués com 130 depoimentos sobre a oposição à ditadura militar pós-1964, a partir das páginas especiais publicadas no Portal da FPA. Além dos relatos, estão reunidos neste livro, fotos e documentos históricos que marcam a cronologia da ditadura e da retomada da democracia brasileira.

“São testemunhos que mostram como desde os primeiros dias após o golpe a oposição ao autoritarismo começou a se articular e a questionar o novo poder – mesmo nos períodos de maior cerceamento às liberdades e aos direitos civis”, destacam os organizadores.

 

Fome de liberdade
Gilney Viana e Perly Cipriano, co-edição EFPA e EDUFES, 2009, 2ª edição 364 páginas

Ex-presos políticos, Gilney Viana e Perly Cipriano relatam a luta travada contra a ditadura militar e a favor de uma anistia ampla e irrestrita, que contou com uma greve de fome de 32 dias num presídio e motivou greves de fome de presos em vários estados.  Os autores narram os mais de 15 anos de resistência dos presos políticos, contando torturas e outros absurdos ocorridos nas prisões militares, o motivo das apelações às greves de fome e a reação do governo diante deste protesto. Ao final da obra, são apresentados documentos como fotos, cartas, declarações e comunicados dos encarcerados, e notas de solidariedade recebidas e escritas por eles.

No primeiro capítulo, está o documento assinado por 15 presos políticos – dentre eles Viana e Cipriano – apresentando seu repúdio ao projeto de Anistia imposto pelo governo. “Porque este projeto pretende acobertar os crimes da ditadura militar , anistiando aqueles que torturaram, assassinaram prisioneiros indefesos, e seus mandantes, tentando impossibilitar a apuração desses crimes e a devida responsabilização dos envolvidos”, destacam.

 

Rebeldes e Contestadores – 1968: Brasil, França e Alemanha
Marco Aurélio Garcia e Maria Alice Vieira (Orgs.), 2008, 2ª edição.

O ano de 1968 marcou a emergência de movimentos sociais e políticos que tiveram forte impacto e deixaram marcas profundas nos costumes e na cultura política. No Brasil o período era marcado pelo AI-5, baixado no final de 1968, com o qual foi institucionalizada a tortura, os assassinatos, as prisões arbitrárias e o banimento de opositores e o recrudescimento de uma censura.

 

Diretas Já – O grito preso na garganta

RODRIGUES, Alberto Tosi (1965-2003), 2003, 120 páginas   – Coleção História do Povo Brasileiro

A mobilização pelas Diretas Já foi um dos momentos marcantes do fim do regime militar iniciado em 1964 e trouxe de volta às ruas o povo, em grandes comícios que ocorreram nas principais cidades do país. Este livro conta a história desta campanha cívica e das causas e conseqüências da derrota, em 1984, da emenda que restabelecia as eleições diretas para presidente do Brasil.

 

Do Teatro Militante à Música Engajada – A experiência do CPC da UNE (1958-1964)

SOUZA, Miliandre Garcia de, 2007, 160 páginas, Coleção História do Povo Brasileiro

Nos anos 1960, o Teatro de Arena e o Centro Popular de Cultura da une foram laboratórios centrais da cultura “nacional-popular”, no qual os sonhos revolucionários ganhavam gesto e forma. Este livro analisa a gênese destes projetos culturais e valoriza a riqueza de debates no interior do CPC e da cultura de esquerda.

 

Luta Armada contra a Ditadura Militar, A A esquerda brasileira e a influência da revolução cubana

SALES, Jean Rodrigues, 2007, 128 páginas, Coleção História do Povo Brasileiro

Hoje parece difícil entender o engajamento político e o desprendimento de parte da juventude da década de 1960 no Brasil, que optou pelo projeto de luta armada. Este livro busca compreender o surgimento, as características políticas e ideológicas e a atuação da esquerda revolucionária em sua oposição à ditadura militar, colocando em relevo um tema fundamental e pouco estudado desse processo: a influência da revolução cubana nas organizações de esquerda no período.

 

Revista Perseu nº3 Dossiê “Anistia e Diretas: Ditadura e Democracia” – Editada pelo CSBH – Centro Sergio Buarque de Holanda