Sem surpresas o AI-5 do 13 de dezembro de 1968. Pois a turbulência política reflete sempre o avanço das transformações sociais. No caso presente, a ditadura militar, instalada em 1964, radicalizou-se, definindo-se concretamente, gerou perspectivas para a cooptação e o agrupamento de outras correntes políticas nas formas de luta, em curso, ampliando e valorizando o objetivo imediato [dessas correntes] de redemocratização do país. Essa foi a minha análise na fervilhante noite do AI-5.

Talvez a irremediável vocação de mãe tenha me ajudado a tecer a utopia da derrubada da ditadura, simplesmente para apaziguar jovens, idealistas e desesperados, ainda vivos e outros encarcerados.

DOPS, DOI-CODI, censura, delações, demissões involuntárias, perseguições e importação de métodos de tortura e os de criação nativa são parte da nossa história.

Combatemos. Conjugaram-se esquerdistas e liberais, até o dia em que as perdas de vidas e a indignação das camadas médias e altas da sociedade – gênese e configuração do nascente neoliberalismo – propiciou-nos o estabelecimento de uma correlação de forças democráticas contra os golpes militares. A luta continua.

*Professora, historiadora, crítica de arte e museóloga. Membro da Comissão Teotônio Vilela, ABCA – Associação Brasileira de Críticos de Arte, ICOMOS/Brasil – Internacional Council of Monuments and Sites e do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo. Mãe de Bárbara e de Berenice e avó de Maria, Alice, Anna Candida e Thomaz. Residiu e trabalhou na França e na Inglaterra e continua trabalhando, período integral, em São Paulo. Passatempo: cozinha.

 

`