O acadêmico Ronaldo Carmona, estudioso de Teoria da política na Universidade de São Paulo  foi um dos organizadores, junto com José Genoíno, do seminário “Política de Defesa e Projeto Nacional de Desenvolvimento”, realizado no dia 4/6 pelas  fundações Perseu Abramo (PT), Maurício Grabois (PCdoB), João Mangabeira (PSB), e Leonel Brizola-Humberto Pasqualini (PDT). Carmona fala nesta entrevista sobre a importância da adoção do debate sobre defesa pelos partidos e pela sociedade.

Como um dos organizadores  do seminário, qual é a importância da realização deste debate sobre defesa pelas fundações partidárias?

É um fato vigoroso as quatro fundações de partidos de esquerda se reunirem para discutir o tema da defesa nacional. Como dizia o ministro Marco Antonio Raupp, na verdade, durante muitos anos, os partidos de esquerda compreenderam pouco essa questão nacional e por outro lado existia a dificuldade das Forças Armadas de renovarem seu arcabouço conceitual, sua visão de mundo.

Estamos evoluindo, dando um salto para que se tenha uma visão estratégia. O Brasil ter hoje a compreensão desta questão como relevante contribui para o seu desenvolvimento. E este é, verdadeiramente, um problema que temos na medida em que, por um lado, avançamos no cenário internacional, mas por outro, somos como um gigante de pés de barro, ou seja, temos uma capacidade grande de falar ao mundo, de nos referir a diferentes temas, mas nossa capacidade de defender nossa soberania, nossa integridade, é diminuta.

O fato de o Brasil ter vivido o período da ditadura militar, fez com que a academia e a sociedade brasileira não tenham incorporado a defesa como uma das prioridades?

Sem dúvida. Esse foi um período de divisão de brasileiros, divisão extrema. Até o Estado nacional chegava a considerar que o seu principal inimigo estava dentro das suas fronteiras, entre o povo.  Então, eu creio que o grande marco é o fato de  que gradativamente vamos superando essa  visão, mas também construindo agenda comum a uma maioria de brasileiros, em torno dos grandes objetivos nacionais, que o Brasil expresse também o diz respeito à sua estrutura de defesa a sua crescente projeção nacional.

A partir desse seminário, os partidos de esquerda passam a incorporar a questão da defesa nos seus debates?

Essa é uma luta grande, gradativa. Tem a ver com o que estamos chamando de forças de esquerda, que fazem parte da nossa sociedade, reproduz todas as virtudes e todos os defeitos do conjunto da nossa sociedade  O desafio maior para as forças políticas, para os nossos partidos, se trata de um problema mais geral, de o povo brasileiro tomar consciência da necessidade de sua emancipação. O fato de estarmos já no nono ano de um governo que tem uma orientação claramente a favor da realização dos grandes objetivos nacionais, um governo que busca trilhar os caminhos do desenvolvimento, é mostra de que o povo brasileiro vai cada vez mais tomando consciência da necessidade da sua emancipação, da realização do projeto nacional de desenvolvimento.
 

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