Pauta Brasil e as demandas da população trans e travesti
O dia 29 de janeiro, no Brasil, é uma data destinada a promover reflexão e conscientização a respeito da cidadania de pessoas trans. Na sexta-feira, 28 de janeiro, o programa Pauta Brasil se antecipou e promoveu debate importante sobre os desafios postos para as pessoas trans. Com mediação de Symmy Larrat, Filipa Brunelli e Joseane Borges falaram sobre as perspectivas para o futuro.
Filipa Brunelli, ex-gestora de políticas LGBTQIA+, graduanda em Sociologia, primeira vereadora travesti eleita em Araraquara e região centro leste do estado de São Paulo. A vereadora falou sobre a importância da luta pelo direito ao nome, apesar dos avanços legais esse ainda é um obstáculo recorrente. Ela lembrou também que “a pessoa travesti e transexual tem o direito de mudar seu nome, mas ainda temos que lutar por esse direito”.
Joseane Borges é assistente social, gerente de Enfrentamento a LGBTFOBIA da Superintendência de Direitos Humanos do governo do Piauí. Ela abordou a questão do direito ao banheiro, também problema recorrente. Relatou a experiência de formação com a força policial de seu estado: “a própria força pública declara que não quer aceitar o uso do banheiro feminino pelas travestis e trans. A luta tem que se fortalecer com ações de visibilidade positiva”, falou.
Symmy Larrat é presidenta da ABGLT e coordenadora da Casa Neon Cunha. Na mediação da conversa ela lembrou que as pautas da população travesti e trans são muitas: “trabalho e renda, educação e saúde, direitos trabalhistas, além de questões como nome social ou uso do banheiro feminino. Construir políticas públicas e a luta por outro país, que volte a sorrir, serão fundamentais”, disse.
Desde 2004, o Dia da Visibilidade Trans integra o calendário brasileiro. A data rememora o lançamento oficial da campanha “Travesti e Respeito”, que ficou marcado pela entrada de 27 travestis e transexuais no Congresso Nacional. “Travesti e Respeito” visava reforçar atitudes de inclusão social a esse segmento da população, buscando conscientizar escolas, serviços de saúde e a comunidade em geral sobre vulnerabilidade implicada a essa população pelo preconceito e pela violência. A campanha foi elaborada em conjunto pelo Ministério da Saúde e por importantes lideranças do movimento trans da época, como Fernanda Benvenutty, Jovana Baby, Kátia Tapety e Keila Simpson.
O termo trans corresponde à letra T da sigla LGBTQIA+, abrangendo as pessoas transexuais (homens e mulheres trans), travestis e não-binárias (que não se reconhecem como homens e nem como mulheres, e sim num lugar intermediário entre gêneros). Nos últimos anos houve avanço para a visibilidade e para o reconhecimento da cidadania desta população, fruto muitas vezes da luta mobilizada pelo próprio movimento, mas é fato que ainda há um longo caminho a trilhar até que as pessoas trans possam usufruir plenamente de seus direitos fundamentais no cenário da violência de gênero.
Visibilidade trans, direito à vida, emprego e renda, homofobia e transfobia, construção de governos e ações legislativas que avancem no sentido de ampliar direitos e respeito à dignidade humana estiveram no Pauta Brasil de hoje. Assista a íntegra aqui.
Pauta Brasil recebe especialistas, lideranças políticas e gestores públicos para discutir os grandes temas da conjuntura política brasileira. Os debates são realizado nas segundas, quartas e sextas-feiras, sempre às 17h, e serão transmitidos ao vivo pelo canal da Fundação Perseu Abramo no YouTube, sua página no Facebook e perfil no Twitter, além de um pool de imprensa formado por DCM TV, Revista Fórum, TV 247 e redes sociais do Partido dos Trabalhadores.
O novo programa substitui o Observa Br, programa que era exibido nas quartas e sextas-feiras, às 21h. Clique aqui e acesse a lista de reprodução com os 66 programas.