O seminário Paul Singer 80 anos – Trajetória militante aconteceu nos dias 22 e 23/03 para homenagear o professor em seu 80º aniversário, numa promoção do Núcleo de Economia Solidária (Nesol) da USP, da Faculdade Economia e Administração (FEA/USP), da Faculdade de Educação (FE/USP) e da Fundação Perseu Abramo. O evento, realizado no auditório da FEA/USP, foi acompanhado pelo próprio Paul Singer e pelos filhos André e Suzana.

 

A homenagem a Paul Singer reuniu uma plateia diversificada formada por alunos e professores, pesquisadores, homens e mulheres que acompanharam e acompanham a trajetória de Singer em vários momentos de sua vida: a iniciação política no Partido Socialista, a participação no movimento da juventude judaica na década de 1940, na década de 1970 como professor de economia na USP, a fundação do PT, a luta pela causa da economia solidária, a atuação na gestão pública tanto na administração de Luiza Erundina como secretário de Planejamento como na esfera federal onde é titular da Secretaria de Economia Solidária do Ministério do Trabalho e Emprego.

O seminário foi dividido em quatro temas que contemplaram didaticamente a vida de Paul Singer: socialismo – do Partido Socialista aos dias de hoje; Da formação do PT ao Governo da cidade; Pensamento Econômico e economia Solidária e Socialismo. Essa divisão foi totalmente subvertida pelas falas emocionadas – muitas delas embargadas por lágrimas. Paciente, bom ouvinte, coerente, consistente nas convicções e nas ações foram os qualitativos mais usados para descrevê-lo em todas as intervenções seja dos palestrantes, seja da plateia.

Seu legado foi celebrado com análises, a construção do socialismo real, democrático e solidário – concretizado na economia solidária. Mais do que palavras teóricas, ações traduzidas nos estudos sobre as cooperativas no Brasil, as experiências das fábricas recuperadas avançadas nas incubadoras como a Incubadora tecnológica de cooperativas populares (ITCP), a criação do Núcleo de Economia Solidária (Nesol) dentro da USP, a construção da Secretaria Nacional de Economia Solidária (SENAES) no governo Lula, da qual é titular até hoje.

A seguir algumas sínteses das apresentações feitas pelos presentes:
 

Sobre a construção do socialismo real – a militância e a teoria:

“Para inteligir o que se passa no Brasil encontramos caminhos abertos na obra de Singer. Nesta obra o socialismo futuro não está predeterminado(…) No socialismo real as esquerdas podem fortalecer direitos em governos democráticos”, André Rocha, pesquisador da obra de Paul Singer e Marilena Chaui.

“Nós vivemos e temos que pensar nossa contribuição (socialista) dentro do capitalismo (…) Abordagem (das experiências atuais de governos progressistas) que ficam separadas: socialismo para o futuro e gestão do presente, (como) soluções para o capitalismo, com melhorias para o povo. (…) Essa forma de reflexão não tem como contribuir para a construção do socialismo, o capitalismo tende a se autoperpetuar e não permite a colocação do socialismo como a solução mais próxima. O grande mérito de Paulo Singer é trazer a discussão para construir propostas de socialismo agora, num país como o Brasil hoje”, professor João Machado.

“Paulo achava que os judeus de esquerda deveriam lutar no país em que estavam (…) Opção internacionalista que me marcou”, Roberto Schwarcz sobre a posição não-sionista de Singer na década de 50.

“Buscar na reflexão do professor – questão central é a democracia, o processo democrático do socialismo, o processo de autogestão para desalienar o trabalhador (…)analisar as experiências socialistas que existem sob essa reflexão(..) para o socialismo avançar é preciso a participação dos trabalhadores pelas experiências autogestionadas…” Pedro Ivan, do MST e da Universidade das Fronteiras.
 

Sobre a atuação nas administrações – prefeitura de São Paulo e SNAES

“Depois a gente se encontra no governo da Erundina, segundo aprendizado (com ) tratamento democrático que ele empregava no governo. Era um desafio enorme (naquele ano de ) 1989, um governo petista em São Paulo(…) Criamos um partido para transformar o mundo e, de repente, estávamos sentados no governo resolvendo uma crise instalada na cidade, na pobreza, no caos.. .era muito pesado… o professor ajudava a compor, aprendi muito com a tranquilidade com que ele geria esse conflito”, professor Nelson Machado, ex-ministro da Previdência e ex-chefe de gabinete da Secretaria de Finanças da prefeitura de São Paulo ao se referir a Paul Singer como secretário do Planejamento no mandato da prefeita Luiza Erundina
 

(…) “(O professor era) Garantia de participação coletiva no governo Erundina, (era) possibilidade de palavra para todos. É preciso retomar esse processo coletivo, que é a base do Partido dos Trabalhadores, a opção pela utopia do coletivo. Paul Singer traz essa possibilidade para a administração pública”, professora Sônia Kruppa, secretária de Educação de Suzano e colaboradora direta de Paul Singer na SENAES até 2005. Integrou a equipe de educação do secretário Paulo Freire, no mandato da prefeita Luiza Erundina
 

Ao final da última mesa, ele falou sobre toda as homenagens prestadas até ali e resumiu com muita precisão os sentimentos refletidos em todas as manifestações de seus colaboradores/as e admiradores/as.

 

Leia a integra da fala de encerramento do professor:

– Paul Singer 80 anos: “… a gente não para de aprender até acabar a vida”