21 de Março – Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial
Uma nova agenda de desenvolvimento é necessária para reduzir os impactos negativos das desigualdades raciais
Em 21 de Março de 1960, no bairro de Shaperville, na cidade de Joanesburgo, na África do Sul, uma multidão de negros, em sua maioria homens e mulheres jovens, protestavam de forma pacifica contra a lei do passe, que os obrigava, em pleno regime de segregação racial, a portar cartões de identificação, especificando os locais onde eles podiam circular.
Uma nova agenda de desenvolvimento é necessária para reduzir os impactos negativos das desigualdades raciais
Em 21 de Março de 1960, no bairro de Shaperville, na cidade de Joanesburgo, na África do Sul, uma multidão de negros, em sua maioria homens e mulheres jovens, protestavam de forma pacifica contra a lei do passe, que os obrigava, em pleno regime de segregação racial, a portar cartões de identificação, especificando os locais onde eles podiam circular.
Numa ação que ficou conhecida como o Massacre de Shaperville, as forças militares a serviço desse regime de triste lembrança, o Apartheid, atiraram de forma indiscriminada contra essa multidão de negros, matando 69 pessoas e ferindo outras 186. Para marcar essa tragédia a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial.
Essa data no Brasil
Hoje estão sendo realizadas em várias partes do país atividades organizadas pelo movimento negro para lembrar que aqui a metade da população brasileira é negra. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD), realizada em 2009 pelo IBGE, 6,9% (13,3 milhões) de pessoas se declararam pretas e 44,2% (84,7 milhões) se declararam pardas.
As manifestações visam também lembrar que a luta do movimento negro brasileiro tem garantido mudanças na vida da população negra. Entretanto, mesmo que valorizemos esses avanços e conquistas, ações conservadoras e racistas tem sido ampliadas recentemente em diversos espaços públicos e veiculadas quase que diariamente pelos meios de comunicação. Além dessas manifestações racistas, os indicadores sociais continuam demonstrando que o Brasil continua sendo um país injusto, onde as desigualdades sociorracias continuam imensas.
A SEPPIR completa nove anos de existência
No dia 21 de Março de 2003, na primeira gestão de governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi criada a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, a SEPPIR, como resposta a essa realidade e a um anseio histórico do movimento negro brasileiro, visando à construção de uma efetiva política de governo para o combate ao racismo e a implementação de políticas para a superação das desigualdades socioeconômicas, em razão das diferenças raciais.
Mas nessa data significativa, o dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial, recordada em vários continentes, aqui no Brasil fica um desafio: se quisermos reduzir, de fato, os impactos negativos das desigualdades raciais existentes, devemos pensar uma nova agenda de desenvolvimento econômico, político e institucional para o país que combata o racismo e promova a igualdade racial.
Flávio Jorge Rodrigues da Silva, diretor da Fundação Perseu Abramo e dirigente da Coordenação Nacional de Entidades Negras (CONEN)