O primeiro de maio é um dia de luta dos trabalhadores.

Por Perseu Abramo

No século passado, os patrões obrigavam os operários a trabalhar até quatorze horas por dia. Em todo o mundo, os operários realizaram grandes manifestações pela redução da jornada de trabalho para oito horas diárias.

Em Chicago, nos Estados Unidos, os patrões e o governo reprimiram as manifestações, feriram e mataram vários operários. Isso aconteceu no dia 1º de maio de 1886, e a data ficou universalmente consagrada como símbolo das lutas dos trabalhadores por seus direitos. Ainda hoje, em vários países — inclusive no Brasil —, muitos trabalhadores são obrigados a trabalhar mais de 8 horas para sobreviverem, e continuam sofrendo toda a sorte de exploração.

A história do Primeiro de Maio mostra, portanto, que se trata de um dia de luto e de luta, mas não só pela redução da jornada de trabalho, mais também pela conquista de todas as outras reivindicações de quem produz a riqueza da sociedade.

Não é um dia de festas promovidas pelos patrões ou pelo governo, como acontecia durante a ditadura do Estado Novo, no Brasil, de 1937 a 1945. Não é um dia de silêncio do trabalhador, como aconteceu até recentemente, durante a fase mais repressiva da ditadura atual. É um dia em que os trabalhadores comemoraram as vitórias e as conquistas alcançadas e se preparam para novos avanços.

Assim, as comemorações de Primeiro de Maio, em quase todos os países do mundo, refletem não apenas o grau de consciência e organização dos trabalhadores, como também sua motivação para enfrentar as dificuldades e empreender suas campanhas.

No Brasil, entra e sai ano, os trabalhadores se reúnem no dia Primeiro de Maio e expõem listas de reivindicações. Muitas delas datam ainda do tempo do Estado Novo, e até agora não foram cumpridas.

É que não basta, apenas, exigir os direitos. É preciso, junto com as reivindicações, propor e debater novas formas de luta para conquistar as vitórias pretendidas.

E, infelizmente, muitos dos próprios dirigentes e líderes sindicais não têm sabido entusiasmar os trabalhadores com propostas de lutas combativas, capazes de fazer as bases se empenharem na conquista de seus direitos.

Ora, quando não há propostas de luta, quando muitos dirigentes se acomodam na inércia ou no desânimo, as bases não se sentem suficientemente motivadas nem para a organização, para a participação nas comemorações de Primeiro de Maio.

Os trabalhadores brasileiros vivem, no momento atual, uma das fases mais críticas de sua existência.

Esmagados pelo custo de vida e pela inflação, amarrados pela ameaça de desemprego, oprimidos pelo arrocho salarial, contidos pela repressão do regime, os trabalhadores precisam com urgência dar passos decisivos para se libertarem da exploração. Para isso precisam propor e debater novas e arrojadas formas de luta. E, assim, obrigar seus dirigentes mais passivos acompanhá-los ou a desimpedirem o caminho.

Essa é a forma que a classe trabalhadora brasileira tem para voltar a comemorar seus Primeiros de Maio como os que todo o Brasil viu em 79 e 80 na Vila Euclides, em São Bernardo do Campo.

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